O presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Carneiro, afirmou ontem ao depor na CPI da Petrobras que em um hipotético cenário de quebra da empresa, a Petrobras sentiria "reflexos muito grandes", como atraso no cronograma de exploração do pré-sal, disse o executivo. A Sete Brasil foi criada para gerenciar a construção de sondas para a petroleira.
Na semana em que completou um ano no cargo, Carneiro foi à CPI para responder aos deputados, que buscavam detalhes sobre supostas irregularidades na operação da empresa "e na venda de ativos da Petrobras na África, com foco em recuperação de ativos". Mas a África e a recuperação dos ativos ficaram fora das seis horas de questões dos parlamentares, que focaram na estrutura da Sete Brasil, na trajetória profissional e até no salário de Carneiro.
A Lava-Jato apura suposto esquema de corrupção ocorrido entre 2004 e 2014. Carneiro assumiu o cargo em maio de 2014. As irregularidades teriam acontecido na gestão anterior, de João Ferraz, citado pelo ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco em delação premiada. Barusco disse aos investigadores que Ferraz fazia parte do esquema de desvio de verbas mantido pelo ex-diretor Renato Duque e recebia dinheiro em contas da offshore Firasa. Ferraz no entanto ainda não foi convocado pela CPI.
Sobre irregularidades na Sete Brasil, Carneiro disse que a empresa contratou auditorias externas para analisar contratos e processos licitatórios e nada foi encontrado. Duas auditorias, da Veirano Advogados e da KPMG, ainda estão em fase de conclusão de relatórios.
Quando a Lava-Jato estourou, em março de 2014, a Sete Brasil estava prestes a assinar contrato com o BNDES. Os financiamentos estancaram, as dívidas cresceram e em novembro a empresa suspendeu pagamentos a fornecedores. O financiamento do BNDES ainda é uma das alternativas para recuperar a Sete Brasil, mas não a única, disse Carneiro aos deputados.
"Não estamos contando com o BNDES", afirmou. "Nesse planejamento, há várias alternativas", disse, sem especificar quais. Ele acrescentou que a Sete Brasil atravessa "momento transitório de falta de recursos" e seu objetivo é recuperar a companhia.
Ele afirmou que nunca teve ligação com partidos políticos, que não tem conhecimento sobre doação financeira da Sete Brasil para campanhas eleitorais
André Moura (PSC-SE) fez diversas perguntas a Carneiro sobre seu histórico profissional e participações em empresas. O executivo disse que não se lembrava de todos os detalhes, e o delegado Waldir (PSDB-GO) fez um comentário: se Carneiro não seria um "laranja", visto que ele próprio - o delegado - se lembrava das empresas das quais fez parte.
Deputados questionaram também a competência profissional de Carneiro, que trabalhou na falida OGX, de Eike Batista. "Não foi minha passagem pela OGX que me credenciou para assumir o cargo na Sete Brasil. Foi meu histórico de 35 anos de trabalho nesse setor", respondeu Carneiro.
O diretor da Sete Brasil, Renato Rodrigues, estava convocado para falar ontem à CPI, mas não compareceu por questões de saúde e deve depôr na próxima semana.
(Fonte: Valor Econômico/Letícia Casado | De Brasília)
PUBLICIDADE