Novamente puxada por soja e milho, a produção brasileira de grãos deverá crescer 8% e alcançar o recorde de 278,7 milhões de toneladas na safra 2020/21. É o que estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que divulgou na manhã de hoje suas primeiras projeções para a nova temporada, cujo plantio terá início em setembro.
Influenciados pelos preços recordes registrados este ano, os produtores brasileiros de soja deverão ampliar a área plantada com a oleaginosa em 3%, para 37,8 milhões de hectares. A produtividade também deverá aumentar e, com isso, a colheita foi calculada 133,5 milhões de toneladas, ante 124,5 milhões em 2019/20
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O avanço da área de soja deverá ocorrer, principalmente, sobre pastos degradados, segundo a Conab, mas também em áreas de renovação de cana-de-açúcar.
Segundo a Conab, as cotações tendem a continuar atraentes no novo ciclo. “Os preços do grão devem se manter elevados, alavancados pela valorização do dólar e pela boa demanda internacional”, avalia a companhia. “No cenário internacional, a possibilidade de menor investimento na produção de grãos na Argentina pode abrir novas possibilidades de mercado para os produtores brasileiros”, diz.
Com o aumento da oferta e a boa demanda, a previsão é que as exportações brasileiras de soja aumentem 5,8% em 2020/21, para 86,79 milhões de toneladas, também um novo recorde – a China poderá comprar cerca de 80% desse volume.
De acordo com a Conab, até o início de agosto 40% da safra 2020/21 já havia sido vendida, ante 20% no mesmo período do ano passado, quando estava em andamento a comercialização da temporada 2019/20. Os negócios são embalados também pela expectativa de aumento do consumo interno. Os frigoríficos de aves e suínos têm um cenário positivo pela frente e a mistura obrigatória de biodiesel no diesel deverá aumentar para 13% a partir de março de 2021.
No caso do milho, a Conab estima que a produção chegará a 112,9 milhões de toneladas em 2020/21, mais um recorde. A área deverá crescer 7%, para 19,8 milhões de hectares. Também é estimado aumento de 3% na produtividade, para 5,7 mil kg/ha.
O mercado também está atraente para os produtores de milho, influenciado pelo câmbio e pela demanda por carnes, diz a companhia. As exportações do cereal podem aumentar 13% e chegar a 39 milhões de toneladas.
Para o algodão, em contrapartida, o cenário é negativo. A Conab estima que a área plantada com a cultura vai diminuir 11% na safra 2020/21 devido aos impactos negativos da pandemia, que desestimulam o plantio.
A estimativa é que a colheita chegue a 2,5 milhões de toneladas de pluma, queda de 12% ante 2019/20 A produtividade também deverá cair, cerca de 2%.
“A recuperação desse mercado está diretamente ligada ao restabelecimento da demanda global pelo produto, que depende do reaquecimento da economia”, diz a Conab.
Nas projeções que divulgou a Conab também previu aumento de 12% na área cultivada de arroz em 2020/21, puxado pela melhora na rentabilidade da cultura. A produtividade, no entanto, deverá cair 4%, já que as condições climáticas tendem a ser menos favoráveis que as de 2019/20. A colheita deverá chegar a 12 milhões de toneladas.
Segundo a Conab, o consumo interno de arroz deverá aumentar 5,1% e atingir 10,8 milhões de toneladas. O cenário é de oferta e demanda ajustadas, o que deverá manter os preços firmes. Para o produtor, o cenário aponta para aumento nos custos de produção, o que pode afetar a rentabilidade.
No caso do feijão, finalmente, a Conab acredita em produção de 3 milhões de toneladas na safra 2020/21. A estatal também prevê cenário ajustado de oferta e demanda. A área plantada deverá permanecer estável, em 2,9 milhões de hectares, e a produtividade tende a cair 4%.
Fonte: Valor