No ritmo do vaivém da produção brasileira de algodão, que ora cresce, ora cai, as exportações da pluma também apresentam forte oscilação. Nesta safra 2012/13, que começou a ser embarcada em julho, o volume exportado já caiu pela metade em relação ao registrado no mesmo período (entre julho e novembro) do ano passado. O algodão da safra 2012/13 foi plantado a partir de novembro do ano passado e colhido entre junho e setembro deste ano.
A razão para a queda nos embarques é a redução na produção da pluma, já que a área vem sofrendo concorrência do milho, cuja rentabilidade superou a do algodão na safra 2012/13. Em 2013/14, diante da redução na rentabilidade do grão, o plantio e a exportação de algodão devem se recuperar parcialmente, conforme especialistas.
Segundo dados compilados pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), as exportações brasileiras da pluma no ano comercial 2012/13 não devem superar 400 mil toneladas, bem abaixo das 955 mil toneladas de 2011/12. Embora se refira à área que foi plantada a partir de novembro de 2012 e colhida a partir de junho de 2013, o ano comercial 2012/13 começou oficialmente em julho deste ano e só termina em junho de 2014, período em que efetivamente ocorre a comercialização.
Entre julho e novembro foram embarcadas pelo país 302 mil toneladas de algodão em pluma, o que rendeu uma receita de US$ 578 milhões, de acordo com a Anea. No mesmo período do ano passado, haviam sido exportadas mais que o dobro - 619 mil toneladas - com uma receita de US$ 1,266 bilhão.
Com isso, o Brasil vem perdendo espaço no mercado internacional. Na safra 2010/11, o país havia conseguido superar a Austrália no posto de terceiro maior exportador mundial de algodão, com 1 milhão de toneladas embarcadas. Mas perdeu o lugar nas safras seguintes diante da oscilação da colheita interna. Por conta da disputa com o milho pela área de segunda safra (principalmente em Mato Grosso), o cultivo de algodão vem se tornando mais instável no país. "Isso é muito prejudicial às exportações. Os clientes do algodão, fiações e tecelagens, gostam de estabilidade no fornecimento", explica o presidente da Anea, Marco Antônio Aluísio.
Na safra passada, por exemplo, a rentabilidade do milho estava elevada e os produtores preferiram o grão à pluma. O resultado é que a área plantada com algodão caiu 35,8% em 2012/13, cujos reflexos estão sendo vistos agora nos embarques menores da pluma.
Um dos principais clientes do Brasil, diz Aluísio, é a Coreia do Sul. O algodão brasileiro já chegou a atender 70% da demanda do país asiático. Atualmente, afirma o executivo da Anea, está em 40%. Outro cliente importante do Brasil é a China, que foi o líder entre os importadores da pluma brasileira em 2012, com 355 mil toneladas e US$ 721 milhões. Em 2013, no entanto, a China conseguiu comprar do Brasil apenas 94 mil toneladas, o equivalente a US$ 184 milhões.
O presidente da Anea reconhece que a instabilidade no fornecimento é uma desvantagem do algodão brasileiro. Segundo a Conab, nas últimas dez safras, a área plantada do Brasil já chegou a apresentar de um ano para o outro variação superior a 60%. Para a temporada 2013/14, que já começou a ser cultivada, a estimativa da Anea é de uma área plantada 20% a 25% maior. Com isso, deve atingir 1,080 milhão de hectares, ante 890 mil hectares de 2012/13.
Se as condições climáticas forem favoráveis, a produção deve alcançar 1,6 milhão de toneladas, 300 mil toneladas a mais do que na safra 2012/13. "Esse volume adicional vai direto para as exportações. O consumo interno é de 800 mil a 900 mil toneladas. Assim, do total que deve ser produzido em 2013/14, sobrarão de 700 mil a 800 mil toneladas ao mercado externo", calcula.
Depois de superar US$ 2 por libra-peso, em 2011, o algodão perdeu mercado para as fibras sintéticas e os preços não conseguem chegar a 80 centavos de dólar. "O rumo dessas cotações dependerá da política dos estoques chineses. A visão da Anea é de que em 2013/14 a China ainda vai continuar a acumular estoques. Mas a direção em 2014/15 é uma incógnita", afirma Aluísio.
Fonte: Valor Econômico/Fabiana Batista | De São Paulo
PUBLICIDADE