O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que o governo tem conversado com os principais agentes financeiros para estruturar projetos de infraestrutura.
Nesta quarta-feira (20), ele participou de um evento fechado a clientes do Citi, em São Paulo. Na segunda, o banco havia dito que estava contribuindo com o governo nos projetos de investimentos.
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“O apoio principal é a conversa, porque como eles estão fazendo a ponte entre o investidor e nós. Eles estudam o projeto e conseguem fazer ali vários cenários, testam, verificam cenário de estresse, veem se aquele negócio é financiável, se aquilo faz sentido com os instrumentos de funding que temos”, afirmou o ministro.
Segundo ele, o principal objetivo é que os projetos sejam viáveis a preços de mercado, mas o BNDES continuará a ter papel importante na estruturação dos investimentos em infraestrutura.
“De maneira geral, a gente tem conversado com todos os estruturadores, com todos os bancos de investimento, para ter projetos que sejam bancáveis, o projeto tem que fazer sentido por si, não pode ter muletas”, afirmou.
“O BNDES vai continuar tendo papel importante tanto com o Finem (linha de financiamentos de grandes obras) quanto ancorando emissões de debêntures”, disse.
Gomes de Freitas disse ainda que o governo vai propor mudanças na legislação para garantir o financiamento de obras, aplicando as mesmas regras dos fundos imobiliários para fundos de infraestrutura, que poderão comprar debêntures. Além disso, o governo quer estender a isenção de imposto de renda de debêntures incentivadas também a empresas. Segundo ele, a perda de arrecadação seria compensada por expansão da economia e aumento do investimento.
Mesmo sem esses instrumentos em vigor, o ministro voltou a prever uma forte disputa nos leilões de concessão de aeroportos, que ocorrerá no dia 15 de março. Além disso, ele afirmou que haverá demanda para todos os projetos que serão leiloados, incluindo portos e trecho da ferrovia Norte-Sul.
“São interessados que já têm operação no Brasil, inclusive operadores estrangeiros que já estão aqui, por exemplo, Fraport, Vinci e Zurich, no caso dos aeroportos, e novos entrantes. Todo dia a gente recebe uma notícia de um novo player. Acho que o leilão dos aeroportos vai ser muito concorrido. Vamos ter uma surpresa boa aí”, afirmou.
Ele atribuiu o otimismo de investidores à reforma da Previdência, porque se houvesse a perspectiva de insolvência da economia brasileira, o investidor estrangeiro não viria.
“Ninguém vai destacar dinheiro na sua matriz em moeda estrangeira, comprar aqui um fluxo de caixa em real para depois a insolvência trazer um processo inflacionário, um desequilíbrio de câmbio e o cara não ter depois o que devolver para sua matriz em moeda estrangeira”, afirmou.
O governo Bolsonaro apresenta nesta quarta sua proposta de reforma da Previdência ao Congresso, e a expectativa de grandes bancos é que o projeto seja aprovado até o final do ano.
Fonte: Folha SP