A receita líquida total das fabricantes de bens de capital metalmecânicos somou R$ 6,79 bilhões durante julho, informou a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) nesta terça-feira (28). O crescimento, em relação ao mesmo mês do ano passado, foi de 10,6%. Já sobre junho, houve queda de 4,1%, sem ajuste sazonal.
No mercado interno, a receita líquida atingiu R$ 4,1 bilhões, 11,7% a mais em comparação anual. De um mês para o outro, o incremento foi de 10,5%. Esse foi o grande motor do consumo aparente em julho, que chegou a R$ 10,2 bilhões — altas de 25,3% e 11,3%, respectivamente.
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O aquecimento dos pedidos — a carteira de julho está se aproximando da máxima de 2018 — levou à maior ocupação da indústria. O nível de utilização da capacidade instalada fechou o mês passado em 77,3%, contra 71,8% um ano antes.
Segundo a Abimaq, as exportações das fabricantes foram de US$ 703,1 milhões no mês passado, ou queda de 3,3% frente a igual período de 2017. Em relação a junho deste ano, o recuo foi mais intenso, de 20,3%. Já as importações cresceram 21% e 11,7%, em comparação anual e mensal, para US$ 1,4 bilhão.
A associação revelou também que o setor terminou julho empregando 298.557 trabalhadores, ou 0,9% acima de junho. Ante mesmo mês do ano passado, o crescimento foi de 3,3%.
De janeiro a julho, a receita líquida total foi de R$ 42,13 bilhões, 4,7% de alta em comparação anual. Internamente, a receita caiu 4,9%, para R$ 22,76 bilhões, e o consumo aparente aumentou em 10,5%, para R$ 57,32 bilhões.
Projeção
O desempenho do consumo de máquinas e equipamentos no país em julho confirma a trajetória que já era esperada pela Abimaq. Segundo a entidade, sua projeção está mantida em crescimento de 7% da receita líquida total durante 2018.
No ano passado, a receita foi de R$ 67,14 bilhões.
Além disso, José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, disse que espera algo entre US$ 10,2 bilhões e US$ 10,3 bilhões em exportações durante este ano. Como metade das associadas são grandes exportadoras, a receita do setor pode ter um alento relevante, ainda mais com o câmbio atual, diz.
No ano passado, as fabricantes venderam US$ 9,09 bilhões ao exterior.
O problema, ressaltou Velloso, é que a importação também deve subir no ano, trazendo mais um ano de déficit na balança comercial do setor.
Dólar
A associação, que já advogou por uma taxa cambial acima de R$ 4 para cada US$ 1 como essencial para aquecer o setor, agora está mais preocupada em estabilidade. Segundo Velloso, o ideal é que não haja a volatilidade apresentada atualmente pelo dólar.
O executivo lembrou que, do momento em que o cliente no exterior faz o pedido, até a fabricante entregar efetivamente a máquina, se passam, geralmente, quase 120 dias. As empresas têm de fazer seu planejamento de acordo com esse cronograma e, no momento, é muito difícil de prever como estará o câmbio, reclama. Ele adianta, contudo, que praticamente ninguém espera para o ano que vem algo acima de R$ 4.
“A estabilidade, portanto, é muito importante. Mas o ideal para o país, não só para a Abimaq ou a indústria de transformação, é uma taxa cambial que ajude no equilíbrio da balança comercial brasileira”, disse Velloso. “Por enquanto, parece impossível isso. Porque a volatilidade vai ser regra enquanto não houver uma agenda definida para as reformas que o país precisa.”
Fonte: Valor