A rentabilidade do total das exportações brasileiras caiu 2,1% em fevereiro na comparação com janeiro. Em relação ao mesmo mês do ano passado, porém, houve alta de 6,1%. A diferença de comportamento deve-se à evolução cambial, já que em fevereiro o real ficou mais valorizado em relação a janeiro, mas mais depreciado na comparação com o mesmo mês de 2012. No acumulado do ano, houve alta de rentabilidade de 4,6% nas exportações brasileiras, segundo cálculos são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), feitos com exclusividade para o Valor.
Rodrigo Branco, economista da Funcex, diz que as variações mostram a preponderância dos efeitos do câmbio sobre a rentabilidade. Isso acontece porque os preços, outro componente importante, não estão com grandes variações. O preço médio da exportação brasileira registrou em fevereiro pequena elevação, de 0,9% em relação a janeiro. Na comparação com fevereiro do ano passado houve recuo de 0,3% nesse indicador, segundo os dados da Funcex. No acumulado do ano houve queda de 1,1%.
Para Branco, porém, os exportadores não deverão ter neste ano ganhos de rentabilidade representativos por conta da política cambial. Isso porque, diz ele, não deve haver uma administração ativa da política cambial para desvalorizar o real, como ocorreu na primeira metade do ano passado. "Há uma preocupação muito maior do governo federal com a inflação do que com o efeito do câmbio para as exportações. observou o economista da Funcex.
Será necessário, diz Branco, que os preços de exportação contribuam mais para o ganho de rentabilidade dos exportadores. O cenário dos últimos anos, porém, em que a rentabilidade da exportação total brasileira foi puxada pela elevação de preços, principalmente dos produtos básicos, pode não se repetir tão cedo. A alta nos preços de exportação, diz o economista, depende da recuperação econômica dos principais parceiros comerciais e da elevação de demanda por produtos brasileiros. Embora a economia americana e da América latina estejam em recuperação, as perspectivas para zona do euro são de acomodação.
Fonte: Valor Econômico/Marta Watanabe | De São Paulo
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