Após fracassar na investida pela americana Hardinge, a Indústrias Romi, uma das maiores fabricantes de máquinas-ferramenta do país, vai continuar buscando oportunidades de aquisição no exterior. "Recebemos ofertas do mundo inteiro. Agora, vamos intensificar os contatos", afirmou o presidente da companhia brasileira, Livaldo Aguiar dos Santos.
Abrangência geográfica e portfólio complementar, explicou o executivo, seguirão direcionando o interesse da empresa e não há prazo estabelecido para um eventual negócio. Já os US$ 92 milhões que estão aplicados nos Estados Unidos, e que seriam utilizados na compra da Hardinge, estão reservados para futuras aquisições. "Os emergentes estão no foco, mas observamos que alguns mercados maduros também têm potencial."
A Romi anunciou ontem o encerramento da oferta pública de aquisição (OPA) lançada aos acionistas da Hardinge, após não ter alcançado os dois terços do capital pretendidos na operação. A aquisição foi dificultada, sobretudo, pela resistência da cúpula da fabricante americana de tornos, centros de usinagem e retificadoras de abrir um canal de negociação, o que seria vital para a retirada de pílulas de veneno que inviabilizavam a transação.
"Chegamos no limite de apresentar nossa proposta. Se continuássemos, perderíamos muito o foco em projetos que estão passando pela nossa porta", disse Santos, ao justificar a decisão de não dar continuidade à oferta hostil, que foi lançada em 30 de março e teve o prazo prorrogado por três vezes. "Ao compararmos com outros projetos, percebemos também que a companhia deixou de ter o valor inicialmente calculado", acrescentou.
A proposta de US$ 10 por ação - inicialmente, o valor oferecido era de US$ 8 por papel - levou à adesão de acionistas detentores de 49,3% do capital. "Isso representa mais de 50% do free float, excluindo os administradores", ressaltou. O preço final embutia prêmio de 105% sobre o preço de fechamento da ação da Hardinge em 14 de dezembro, quando se deu o primeiro comunicado da empresa brasileira sobre o interesse "em uma combinação de negócios".
Conforme Santos, os recursos que seriam utilizados na operação permanecerão alocados em uma subsidiária criada nos Estados Unidos para servir de veículo aos movimentos da companhia no país. Além daquele país e da Alemanha - dois dos principais mercados de máquinas e equipamentos do mundo -, o executivo ressaltou que investir em países emergentes faz todo o sentido para a empresa de Santa Barbara d'Oeste, no interior paulista. Para a direção da Romi, poucas empresas disponíveis no Brasil contemplariam sua visão estratégica e, por isso, há necessidade de buscar oportunidades no exterior. Hoje, a China responde pelo maior mercado de máquinas-ferramenta do mundo, seguida por Alemanha e Estados Unidos.
Recentemente, a Romi anunciou que vai produzir no Brasil madrilhadoras e centros de usinagem das marcas italianas Lazzati e PFG, além de atuar como representante no país dos demais itens fabricados pela PFG na Itália. Com a parceria, a brasileira ampliou seu portfólio para o mercado interno.
Fonte:Valor Econômico/Eduardo Laguna e Stella Fontes, de São Paulo
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