Um mercado muito volátil, mas sem crescimento. Esta é a expectativa do presidente da fabricante de máquinas Romi Industrial, Livaldo Aguiar dos Santos, para 2014. "Estamos verificando um mercado de um tamanho não muito diferente do que encontramos em 2013. Mas o que nos preocupa não é o tamanho, mas o fato de 2013 já ter sido igual a 2012", afirmou ao Valor.
Sediada em Santa Bárbara D'Oeste (SP), a empresa produz máquinas-ferramenta, máquinas para plásticos, fundidos e usinados e possui onze fábricas, nove no Brasil e duas na Alemanha. No mercado externo, Santos vê um cenário de crescimento ainda fraco da Europa e um melhora da economia dos Estados Unidos. Para a China, que absorve 30% das vendas de suas subsidiárias alemãs, a expectativa é de crescimento econômico estável.
Além da estagnação, Santos afirma que 2014 preocupa também por ser um ano de possibilidade de grande volatilidade nos negócios no Brasil. Com Copa do Mundo e eleições presidenciais, Santos diz que podem acontecer "distúrbios momentâneos". "Mas continuamos achando que em termos anualizados, não será muito diferente de 2013."
Para o mercado de máquinas para ferramentas, Santos espera um desempenho "muito bom". No negócio de máquinas para plásticos, ele afirma que a Romi "consegue fazer melhor", mas não dá detalhes de suas projeções. No segmento de fundidos e usinados, porém, vê maior volatilidade, com incertezas sobre a demanda para caminhões e o mercado de energia eólica.
Considerando esse cenário, Santos define, como grande desafio da empresa, retornar aos números que apresentava antes da crise de 2008. Naquele ano, a companhia obteve receita de R$ 696 milhões, patamar que ainda não foi recuperado. No ano passado, chegou perto, com faturamento de R$ 667 milhões.
"No segundo trimestre de 2012, tivemos o pior período que poderíamos. Deste então, começamos uma recuperação e a cada trimestre tínhamos resultados melhores. Acho que já atingimos, no quarto trimestre do ano passado, um nível honesto e bom no sentido de visão do mercado e investidor. Agora, nossa briga diária é manutenção e chegar aos números de antes da crise. Continuamos achando que temos oportunidade para isso", afirmou.
A Romi divulgou seus resultados referentes ao ano passado na última semana e reportou um lucro de R$ 1,36 milhão, revertendo um prejuízo de R$ 38 milhões em 2012. De seu faturamento total, a divisão de máquinas-ferramenta foi responsável por 71%, com R$ 476 milhões, a de máquinas para plásticos gerou 12% (R$ 81 milhões) e o negócio de fundidos e usinados teve receita de R$ 110 milhões, 17% do total.
Na comparação com 2012, as três unidades tiveram crescimento no ano passado, de 8%, 12% e 28%, respectivamente. No entanto, em volume vendido a Romi teve uma pequena redução no número de unidades de máquinas para plásticos, de 0,5%.
O dólar, que se valorizou quase 15% ao longo de 2013 em relação ao real, ajudou a melhorar receitas e margens, segundo a Romi. A empresa tem 83% de suas receitas vindas de Europa, Estados Unidos e Ásia e 17% da América Latina, o que inclui o mercado brasileiro. "Esse novo nível de cambio tem ajudado a recompor os preços das máquinas", disse o executivo.
Em um balanço do ano, Santos conta que a companhia fez diversas mudanças operacionais e destacou duas delas. A primeira foi o investimento para reduzir o tempo entre a produção das máquinas e a data da entrega.
A outra medida foi uma campanha para reduzir o volume de horas extras dos funcionários. Quando o volume de trabalho fica menor, os funcionários vão para casa e ficam com horas a trabalhar em estoque, ele explica. "Quando preciso recuperar a produção, uso essa hora", diz o executivo. Segundo ele, o sistema é o mesmo que a empresa adota na Alemanha e tem ajudado a reduzir custos.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso | De São Paulo
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