A próxima safra de trigo do Brasil tem potencial para crescer 1 milhão de toneladas e ser a maior em 3 anos, avaliou nesta quarta-feira (20) a INTL FCStone.
A consultoria também previu uma menor demanda de importação. Na última terça, o governo anunciou um acordo para criar uma cota livre de tarifa para se trazer o cereal de fora do Mercosul.
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Em evento em São Paulo, a FCStone disse que o Brasil poderá colher, no ano comercial de 2019/20 (agosto a julho), 6,6 milhões de toneladas de trigo, ante 5,6 milhões no ano passado.
Caso isso se concretize, seria o maior volume desde os 6,7 milhões de toneladas de 2016/17.
"Mesmo se a área for mantida, há expectativa de que a produtividade possa se recuperar", afirmou a analista Ana Luiza Lodi, lembrando que, em anos recentes, as lavouras brasileiras foram muito afetadas por problemas climáticos, como geadas no Paraná, o maior produtor nacional do grão.
O plantio de trigo da nova safra do Brasil deve se intensificar nas próximas semanas e, de acordo com a consultora, os produtores tendem a observar temperaturas mais altas por causa do fenômeno climático El Niño --algo que potencialmente reduziria os riscos de frio extremo.
"O El Niño tende a manter as temperaturas no centro-sul um pouco mais elevadas", destacou a Ana Luiza.
Em paralelo, outro atrativo ao cultivo de trigo neste ano é o preço. Conforme dados apresentados pela FCStone, no Paraná, a tonelada do cereal está em torno de R$ 900 ante cerca de R$ 700 há um ano. No Rio Grande do Sul, os valores também estão maiores.
Importação
Diante de uma recuperação de safra, a consultoria avaliou que as importações brasileiras de trigo devem cair a 5,7 milhões de toneladas em 2019/20, de 7 milhões em 2018/19, ano comercial ainda em andamento.
A Argentina é o maior fornecedor de trigo do Brasil e, por integrar o bloco econômico, está livre de qualquer taxação.
A criação de uma cota sem cobrança de imposto poderia beneficiar especialmente os Estados Unidos, maior ofertante fora do Mercosul.
Ela foi anunciada em meio a negociações entre o Brasil e EUA para abertura maior do comércio agrícola e gerou preocupações tanto entre produtores brasileiros quanto no setor argentino.
Segundo dados da INTL FCStone, de 2010/11 para cá, as vendas de trigo dos EUA ao Brasil só superaram a marca de 750 mil toneladas, com tarifas, em momentos de reduzida oferta na Argentina. Foram quatro ocasiões: 2012/13, 2013/14, 2014/15 e 2016/17.
Fonte: G1