Os subsídios à indústria de petróleo e gás devem passar por análise minuciosa à medida que aumentam as pressões para converter promessas de iniciativas contra o aquecimento global do longo prazo para o curto prazo. Esse será um foco da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Clima em Glasgow, marcada para novembro. Lucros abundantes com os preços recentemente mais altos de petróleo e gás tornarão mais difícil a defesa dos subsídios a essa indústria, afirmam analistas.
Políticos têm medo de que o corte desse apoio acarrete em protestos, como o movimento dos coletes amarelos na França, em 2019. Naquele ano, porém, cerca de 60% dos subsídios iam diretamente para os produtores e consumidores.
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Petróleo
Subsídios na Rússia e na Arábia Saudita parecem relativamente imunes à pressão global de descarbonização. Foto: Ahmed Jadallah/Reuters
Empresas estatais recebem subsídios generosos, mas companhias abertas também possuem incentivos e podem ser expostas por meio de projetos compartilhados. Dos maiores pagadores de subsídios, investidores provavelmente estão mais vulneráveis a mudanças em políticas no Brasil, EUA e Europa, onde os governos prometeram cortar as emissões líquidas de carbono a zero e onde muitas companhias internacionais de petróleo e gás têm suas operações e sedes. Índia, Indonésia e México podem se tornar motivos de preocupação caso decidam se comprometer com a emissão líquida a zero.
Os subsídios na Rússia e na Arábia Saudita parecem relativamente imunes à pressão global de descarbonização. Investidores internacionais provavelmente não serão expostos diretamente a quaisquer mudanças nos generosos subsídios da China a suas empresas estatais.
Na reunião desta semana com ministros do Meio Ambiente de Estados-membros do G-20, os subsídios aos combustíveis fósseis provavelmente não sofrerão grande impacto. A pressão crescente para que, além das conversas sobre reduzir a emissão de carbono, haja ação significa que o apoio à indústria é muito menos certo do que antes.
Fonte: Estadão