A indústria do Rio Grande do Sul apresentou a maior taxa de crescimento do país na pesquisa mensal da produção física do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no acumulado de janeiro a outubro. A alta de 6,4% sobre igual período de 2012 foi puxada pelo impacto da supersafra agrícola sobre setores como máquinas agrícolas, transportes e consumo de combustíveis, pela expansão da fábrica da General Motors em Gravataí e pelo aumento da produção de vinhos e suco de uva.
Segundo o economista Martinho Lazzari, coordenador do núcleo de contas regionais da Fundação de Economia e Estatística do Estado (FEE), a indústria gaúcha foi favorecida ainda pelos incentivos federais para o setor, como o crédito subsidiado pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para máquinas, equipamentos, caminhões e implementos rodoviários e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.
A mesma combinação entre safra e produção industrial garantiu a expansão de 6,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul no acumulado de janeiro a setembro em comparação com o mesmo intervalo de 2012, explicou Lazzari. O índice, divulgado ontem pela FEE, incluiu altas de 48% na agropecuária, de 3,4% na indústria de transformação e de 6,3% no segmento de transportes (que faz parte do setor de serviços, que subiu 3,1% como um todo).
O desempenho da economia estadual até setembro também superou a alta do PIB brasileiro no mesmo período, que ficou em 2,4%. Para 2014, porém, Lazzari acredita que os números do Estado e do país andarão mais próximos, porque os fatores que permitiram o salto dos indicadores do Rio Grande do Sul neste ano, especialmente a safra e a produção de automóveis da GM, não deverão apresentar a mesma variação, assim como os incentivos federais deverão ser reduzidos.
Para a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), o PIB gaúcho deve crescer 5,1% neste ano e apenas 2,1% em 2014, enquanto a economia nacional deve avançar 2,2% e 1,9%, respectivamente. Para a produção industrial, a entidade prevê redução na taxa de crescimento estadual, de 6,8% neste ano para 1,9% no próximo, e altas de 1,5% e de 2% para o setor em todo o país nos mesmos períodos.
Segundo o IBGE, os setores industriais que apresentaram melhor desempenho no Estado nos dez primeiros meses deste ano foram refino de petróleo e álcool (alta de 29,25% sobre igual período de 2012), veículos automotores (20,91%), bebidas (11,77%), borracha e plástico (11,62%) e máquinas e equipamentos (9,87%).
De acordo com Lazzari, a produção de combustíveis pela Refap, a refinaria da Petrobras que opera em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, refletiu o aumento da demanda do setor de transportes para escoamento da safra agrícola, das exportações para o Mercosul e do consumo de gasolina no Estado. Procurada pelo Valor, a estatal não informou o volume produzido no Estado.
A safra gaúcha de grãos e outros produtos agrícolas como frutas e hortigranjeiros, que cresceu 42,4% neste ano, para 34,4 milhões de toneladas, conforme apurado pela FEE com base em dados do IBGE, também contribuiu para a alta dos setores de máquinas e equipamentos e veículos, especificamente nos segmentos de máquinas agrícolas e reboques rodoviários.
A John Deere, por exemplo, vendeu 12,2 mil tratores fabricados em Montenegro para o mercado interno no acumulado de janeiro a outubro, 17% a mais do que no mesmo período de 2012. A Randon, maior fabricante nacional de reboques e semirreboques rodoviários, aumentou em 25,6% as vendas físicas consolidadas no acumulado de janeiro a setembro, para 18,9 mil unidades, sendo mais de 70% delas produzidas no Estado.
A expansão no setor de veículos está ainda diretamente relacionada à ampliação da fábrica da GM na região metropolitana de Porto Alegre. Conforme a empresa, até outubro de 2012 a unidade produzia 800 carros por dia. Com o lançamento do compacto Ônix naquele mês, o volume passou para 930 unidades diárias e em março deste ano, chegou a 1.300/dia com a abertura do terceiro turno de trabalho.
O crescimento da produção de veículos também aumentou o consumo de pneus produzidos pela fábrica da Goodyear instalada ao lado da montadora, o que acabou refletido no desempenho do setor de borracha e plástico do Estado.
No setor de bebidas, segundo o IBGE, o destaque foi o crescimento da produção gaúcha de vinhos. Conforme o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), as vinícolas locais venderam 199,8 milhões de litros de vinhos finos, de mesa e espumantes de janeiro a outubro, com alta de 3,7% em relação ao mesmo intervalo de 2012. Na linha de suco de uva, a expansão foi ainda mais expressiva, de 44,9%, para 63,4 milhões de litros.
Fonte: Valor Econômico/Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
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