O grupo alemão ThyssenKrupp, na avaliação de uma fonte qualificada do setor, deverá vender somente a laminadora de aço do Alabama, EUA, mais provavelmente para a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN). Esse é, no momento, o desfecho previsto para as negociações, que se arrastam há quase um ano. A Cia. Siderúrgica do Atlântico (CSA) continuaria em poder da Thyssen, dona de 73% do capital, e da sua sócia brasileira, a Vale, com 27%, devido à dificuldade de acordo com a CSN.
Conforme cálculos da mesma fonte, vender a CSA nas suas condições financeiras atuais, vis-a-vis o valor estipulado para ela, de US$ 1,6 bilhão, significa perder cerca de US$ 500 milhões. Do seu valor teria de descontar a dívida de US$ 9 milhões com BNDES e mais cerca de US$ 1,2 bilhão com a própria controladora alemã.
Para a direção da Vale, segundo informações, é um "absurdo" vender a CSA neste momento ao valor que lhe é dado. E que, resolvida a questão da laminadora do Alabama, em um prazo de pelo menos dois anos poderá se buscar um comprador para a CSA com uma proposta mais atrativa. Até lá, a siderúrgica estaria mais estabilizada operacionalmente.
A unidade do Alabama é considerada um ativo "magnífico", no estado da arte do setor. A sua venda estaria avaliada entre US$ 1,5 bilhão (proposta da CSN) e US$ 2 bilhões (oferta do consórcio ArcelorMittal - Nippon Steel).
Executivos da CSN se encontram no momento em Calvert, sede da usina no Alabama, fazendo a última auditoria técnica do ativo, disse uma fonte. A unidade é apta a fazer 4,5 milhões de toneladas por ano de aço para montadoras de carros e linha branca.
Com esse desfecho, a Thyssen já trabalha com um "plano B" para a CSA, apurou o Valor. A siderúrgica passaria a operar com apenas metade da capacidade de produção (total de 5 milhões de toneladas de placas por ano), paralisando um de seus dois altos-fornos. Atualmente, a produção da empresa está em ritmo anual de 3 milhões de toneladas.
Como alternativa, a CSA manteria a plena produção de coque metalúrgico (insumo usado no alto-forno), tornando-se um vendedor do excedente desse produto nos mercados local e externo. E seria também grande geradora de energia na térmica de 490 MW. A maior parte dessa energia (excedente ao consumo) seria negociada no sistema elétrico do país.
Procurada, a ThyssenKrupp informou que as "negociações continuam". Vale e CSN não comentaram as informações.
Com essa equação, a CSA estancaria as perdas financeiras que já acumulam mais de US$ 7 bilhões (até 30 de setembro de 2012) desde seu início de operação, em meados de 2010. Ficaria no zero a zero, estima uma fonte.
Segundo informações, ainda teriam de ser investidos cerca de US$ 500 milhões a US$ 700 milhões na CSA para instalação de equipamentos adicionais nos altos-fornos, coqueria e aciaria.
Hoje, com os preços da placa na faixa de US$ 440 a tonelada, FOB porto, a operação da CSA gera prejuízo. E não é a única: a ArcelorMittal está com um alto-forno, de 2,5 milhões de toneladas por ano na usina de Tubarão (Serra-ES) parado desde novembro. Apenas com de minério de ferro e carvão metalúrgico, as duas principais matérias-primas de produção de aço, o custo da placa fica em cerca de US$ 300 a tonelada. Pouco sobra para cobrir as demais despesas, como mão de obra.
Fonte:Valor Econômico/Ivo Ribeiro | De São Paulo
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