O presidente Lula participou de evento que marcou a capitalização da estatal, que pode somar R$ 120,3 bilhões
A União entrará com R$ 76,8 bilhões na oferta pública de ações da Petrobras, o significa R$ 2 bilhões a mais do que estava previsto, e representa 63,8% do total da operação, que pode chegar a R$ 120,3 bilhões. O valor foi calculado com base em dados do prospecto da oferta, que permite dizer, também, que o Tesouro Nacional contribuirá com R$ 49,4 bilhões desse montante. A fatia restante, de R$ 27,4 bilhões, será composta por R$ 22,4 bilhões do BNDES e R$ 5 bilhões do Fundo Soberano do Brasil.
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Ao final da operação, a participação do governo no capital total da companhia subirá dos atuais 39,8% para 47,3%.
Como a Petrobras terá de usar R$ 74,8 bilhões captados na oferta para comprar os direitos de exploração de 5 bilhões de barris de petróleo da camada pré-sal, é possível estimar que o BNDES e o Fundo Soberano ajudarão a engordar o superávit primário do governo em R$ 25 bilhões.
Além das ações subscritas pelo governo, a oferta contou com participação de peso também de pelo menos dois fundos de pensão de empresas estatais.
A Petros, dos funcionários da própria Petrobras, entrou com os cerca de R$ 500 milhões que tinha direito na oferta prioritária, e tentou alocar mais R$ 1,3 bilhão na oferta aberta aos institucionais. Dessa forma, a entidade deve ficar com cerca de 0,8% do capital da companhia após a oferta, o dobro da participação atual.
A Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, aplicou R$ 2,1 bilhões apenas na oferta prioritária. Segundo Ricardo Flores, presidente do fundo de pensão, isso representa menos do que a fundação tinha direito de comprar. Ele admite que a fatia da Previ no capital total da petroleira cairá de 3,19% para até 2,9%, mas ressalta que esse percentual, equivalente a quase R$ 11 bilhões, será de uma empresa maior.
O presidente da Previ, em conjunto com dezenas de outros executivos, investidores e empregados da Petrobras, participaram na sexta-feira da cerimônia que marcou a capitalização da companhia, na sede da BM&FBovespa. Presente ao evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o fato de uma oferta desse tamanho ocorrer no Brasil. "Não foi em Frankfurt, não foi em Londres, nem em Nova York. Foi em São Paulo que a gente consagrou esse momento", afirmou Lula em discurso.
A Petrobras não informou quantas ações foram vendidas na oferta de varejo. Mas pelo intervalo que consta do prospecto, ela foi limitada a um intervalo de R$ 1,7 bilhão a R$ 3,3 bilhões, incluindo os papéis que serão comprados preferencialmente pelos funcionários. Isso explica porque houve rateio de 45% na parcela destinada aos pequenos investidores e, mesmo assim, o lote adicional, que poderia chegar a 20%, não foi totalmente vendido. Nesse tipo de operação, cada parcela da oferta é vendida para um tipo de público.
Os investidores estrangeiros compraram em recibos de ações (ADRs) o equivalente a R$ 13,3 bilhões ou 11% da oferta total. Esse montante equivale a cerca de 34% do total efetivamente absorvido pelo mercado - R$ 39,7 bilhões, excluindo a União e fundos de pensão de companhias estatais.
Segundo apurou o Valor, os estrangeiros foram bem atendidos na oferta aberta ao público. O motivo para a atenção que receberam foi o fato de terem ficado de fora da oferta prioritária, pois a participação nessa etapa implicava na transformação do ADR em ação local e em custos com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Por conta disso, muito optaram por não exercer seus direitos.
A alta das ações da Petrobras nos pregões que antecederam o fechamento da operação contribuiu para que o governo pudesse conseguir um preço acima do inicialmente esperado. Uma semana antes, a expectativa era que as preferenciais seriam vendidas, no melhor cenário, a R$ 25. Entretanto, a empresa conseguiu fazer a colocação a R$ 26,30 - 5,2% mais caro.
A decisão pode ter contribuído para que o governo conseguisse participar da oferta aberta e colocasse até mais do que os R$ 74,8 bilhões inicialmente previstos. Caso a demanda dos investidores superasse em 33% a oferta inicial, chegando a R$ 141,2 bilhões, o governo e acionistas ligados a União não poderiam comprar ações na colocação pública. Ao ampliar o preço, a demanda pelos papéis era menor do que num valor mais baixo.
(Fonte: Valor Econômico/Fernando Torres e Graziella Valenti | De São Paulo/Colaboraram Vera Saavedra Durão, do Rio, e Ana Paula Ragazzi.)