SÃO PAULO - A área comercial da Usiminas trabalha com a perspectiva de mais um ano de retração no consumo aparente de aço no mercado brasileiro este ano, disse nesta sexta-feira o vice-presidente comercial da siderúrgica, Sérgio Leite, em teleconferência com analistas.
Segundo o executivo, o cenário da economia do país aponta para retração do PIB, já com indicações de 0,42% (Boletim Focus) e de nova queda de dois dígitos nos setores que são grandes consumidores de aço, como o automotivo, de bens de consumo, de máquinas e equipamentos e de máquinas agrícolas.
Segundo Leite, o setor vem de um forte impacto na demanda no quarto trimestre. No período, informou, a retração em relação ao trimestre anterior foi de 13%. Na Usiminas, a queda de vendas foi de 1,4 milhão para 1,25 milhão de toneladas.
No ano passado, a siderúrgica registrou seu pior volume de vendas de aço desde 2009, ano que teve o impacto da crise global de setembro de 2008. O executivo disse que se o dólar se mantiver no patamar de R$ 2,85 a empresa poderá se beneficiar com aumento de exportações a partir do segundo trimestre. Em 2014, do volume total, 17% foi para o mercado externo.
Ele aposta também em ganho de participação no mercado doméstico com possível redução da entrada de material importado. A entrada seria contida com os riscos cambiais e de demanda comprimida, intimidando os importadores.
Com esse nível de câmbio, afirmou Leite, atualmente os prêmios do preço do aço praticado no mercado interno variam de 10% a 15% sobre o valor do produto importado já colocado no país. O executivo acredita que os preços ficarão estáveis ao longo do ano, considerando os reajustes de 5% para os clientes da distribuição em janeiro, o acordo de reajustes para os contratos anuais com as montadoras e com o atual patamar de câmbio.
Exportações
As exportações de minério de ferro da companhia poderiam ter alcançado 8 milhões de toneladas no ano passado, disse o vice-presidente de finanças e relações com investidores (RI) da empresa, Ronald Seckelmann, também em teleconferência de analistas.
O que a impediu de atingir esse volume, conforme o diretor, foram as condições logísticas, principalmente de embarques em portos. A empresa tem contrato firmado desde 2012 com o Porto Sudeste, que foi criado pela MMX e hoje pertence à Mubadala e à Trafigura. As obras estão atrasadas alguns anos e o terminal só deve entrar em operação, segundo a siderúrgica, no segundo semestre.
Em 2014, a Usiminas vendeu 5,6 milhões de toneladas da matéria-prima do aço, a maior parte no mercado interno. As exportações somaram apenas 680 mil toneladas. O volume comercializado pela empresa ficou igual ao de 2011 e a empresa espera neste ano ampliar o volume, buscando outros canais de embarque na região de Itaguaí (RJ) — porto da Vale e CSN.
Desde o fim de 2013, a Mineração Usiminas S.A. (Musa), que tem 30% do capital em poder da Sumitomo Corporation, dispõe de capacidade de produção de 12 milhões de toneladas por ano.
Devido aos problemas de efetivar exportações, a Usiminas terá de pagar uma conta alta relativa ao não cumprimento de contrato de transporte firmado com a ferrovia MRS Logística, informou a empresa na teleconferência.
Sem revelar o montante de 2014 e anos anteriores, a siderúrgica informou que não há nada previsto para 2015. Por outro lado, a Usiminas também vem negociando com os donos do Porto Sudeste ressarcimento pelos contratos “take or pay” de embarques firmados desde 2012 e que não foram realizados.
A empresa diz acreditar que suas operações de minério de ferro se mantêm competitivas mesmo em cenário de preço de US$ 63 a tonelada. Alega o fator câmbio, queda das tarifas do frete (para US$ 12 a US$ 15 a tonelada) até a Ásia e mais redução de custos nas suas operações das minas de onde extrai seu produto.
Fonte:Valor Econômico/Ivo Ribeiro
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