Estratégia: Empresa tem como meta agregar 50% de valor aos produtos
A Usiminas pretende crescer ao longo dos próximos anos, em uma estratégia que busca fazer da empresa um grupo siderúrgico global, com base em quatro eixos: mineração e logística; siderurgia; transformação do aço; bens de capital. Para reforçar sua presença no mercado, em 2010 e 2011, são previstos investimentos de R$ 5,6 bilhões, valor superior ao que foi aplicado pela empresa nos últimos dez anos. Nos próximos cinco anos, a expectativa é de aumento de 22% para 50% na venda de produtos com valor agregado. A substituição do executivo, Marco Antônio Castello Branco, que ficou quase dois anos como presidente da empresa, pelo presidente do conselho de administração, Wilson Brumer, não mudará os planos ambiciosos da siderúrgica.
Atualmente, cerca da metade do minério de ferro consumido nas duas usinas da Usiminas vem de minas próprias, número que poderá mudar até 2014 com os investimentos a serem realizados pela siderúrgica. No fim de 2009, o ritmo de produção nas suas quatro minas chegou a 6,2 milhões de toneladas. A meta da Usiminas é chegar a dezembro de 2010 com um ritmo de produção de 580 mil toneladas mensais, equivalentes a 7 milhões de toneladas anuais, por meio de pequenos ajustes operacionais e ganhos de produtividade das instalações existentes. "A partir desse patamar serão feitas pequenas expansões nas plantas de beneficiamento e na logística interna, permitindo que em 2012 alcancemos 11 milhões de toneladas anuais", diz Castello Branco, que fica no comando da empresa até o dia 30 deste mês.
Os planos não param por aí. A meta é mais ambiciosa. "Para atingirmos 29 milhões de toneladas anuais a partir de 2014, precisamos investir pesadamente na extração, no beneficiamento de minério e na logística das nossas minas", afirma. Em 2014, com a produção de 29 milhões de toneladas, haveria minério em potencial suficiente para suprir toda a necessidade da Usiminas, o que asseguraria maior conforto em relação às oscilações de preço no mercado. O plano de investimento a ser realizado na área de mineração para que a meta seja atingida ainda está em elaboração.
Em paralelo à ambição, a Usiminas trabalha na cisão dos ativos de mineração e logística, criando uma nova empresa do grupo responsável por gerenciar o eixo mineração-ferrovia-porto, uma forma de agregar maior valor à sua operação. "Tanto a cisão dos ativos como negociações com potenciais investidores estratégicos estão em curso", diz o executivo. A intenção é atrair um sócio estratégico minoritário para a nova empresa e, posteriormente, abrir o capital na Bolsa de Valores. O processo deve ser concluído ao longo desse ano. "Quanto a um eventual IPO, não há data definida para a sua realização", diz Castello Branco.
Além das minas em que produz seu próprio minério, a siderúrgica detém 20% de participação na MRS Logística e o projeto de construção de um porto na Baía de Sepetiba (RJ). Em um terreno adquirido em 2008, a Usiminas pretende instalar um terminal portuário para movimentação de granéis sólidos com capacidade de 25 milhões a 30 milhões de toneladas por ano. O investimento previsto é de US$ 600 milhões e o porto deve iniciar suas operações em 2014.
Em 2010, estima-se que a economia brasileira cresça 5%, a produção industrial, 12%, e a demanda por aços planos, 20%. O futuro também é promissor: as descobertas do pré-sal, as Olimpíadas, a Copa do Mundo, o programa Minha Casa, Minha Vida apontam para um ciclo de crescimento sustentável. Diante do cenário, a Usiminas retomou o projeto de instalação de uma nova usina, a ser construída em Santana do Paraíso (MG). "Estamos atualizando o projeto, devemos submetê-lo ao conselho de administração no início do segundo semestre. A melhoria das condições do mercado brasileiro é o principal fator que sustenta a construção da primeira fase da usina, com capacidade de 2,5 milhões de toneladas de placas. A segunda etapa de igual capacidade ficará para um momento posterior."
Em outra frente de atuação, a empresa vem ampliando seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento para agregar maior valor a seus produtos. Há projetos envolvendo aços para blindagem, subcomponentes para torres eólicas e estruturas metálicas para edificações populares. Em 2009, foram aplicados R$ 19,2 milhões e a expectativa é de que neste ano essa cifra pule para R$ 28,9 milhões. A empresa está de olho no pré-sal: com investimentos de R$ 10 milhões irá construir no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro uma unidade de pesquisa para trabalhar lado a lado com a academia e a Petrobras no desenvolvimento de novas soluções para o setor de óleo e gás.
Outro movimento é reforçar, a partir da formação de alianças, sua presença no setor de construção civil, cuja demanda por aços planos pode crescer 40% em 2010. Nesse contexto, a Usiminas pretender firmar parcerias como acionista minoritária com construtoras. O primeiro passo dado com as empresas Codeme e Metform que vai conferir à siderúrgica a participação equivalente a 30,7% do capital de cada uma.
Fonte: Valor Econômico/ Roberto Rockmann, para o Valor, de São Paulo
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