Para disputar com aços de alta resistência o aumento do consumo da matéria-prima nos setores de petróleo e gás e na indústria naval, a Usiminas vai investir R$ 1 bilhão até dezembro em projetos que ficaram a salvo das fortes medidas de ajuste adotadas pela siderúrgica depois da crise financeira mundial. Entre as principais obras mantidas, a unidade de Ipatinga está sendo preparada para atender à exigências do programa de exploração da camada pré-sal, e a Cosipa, de Cubatão, no interior de São Paulo, dá continuidade à instalação de um laminador de tiras a quente. Apesar da recuperação da produção e das vendas no terceiro trimestre deste ano, o presidente da companhia, Marco Antônio Castello Branco, disse, ontem, que permanecem suspensos os planos para a construção de uma usina de placas em Santana do Paraíso, no Vale do Rio Doce.
Segundo o executivo, ao contrário de outros empresas do setor como o grupo Gerdau, que anunciou esta semana a retomada de investimentos, a Usiminas não vê motivo suficiente para tocar projetos de expansão da sua capacidade produtiva. A reação do mercado brasileiro, de acordo com Marco Antônio Castello Branco, tem se mostrado de forma sistemática nos últimos meses, mas vagarosa. "Achamos prematuro tomar essa medida. O cenário econômico, particularmente o cenário brasileiro, não está muito claro para nós ."
O projeto da nova usina só será reavaliado no fim do primeiro semestre do ano que vem. Embora a usina de Ipatinga esteja trabalhando a um ritmo de 80% da sua capacidade de produção de 12 mil toneladas por dia, também não há perspectiva de religamento do alto-forno 1. O equipamento ficará desligado em boa parte de 2010, na avaliação do presidente da siderúrgica, tendo em vista o consumo superior à produção de aço não só no Brasil, como no mundo. Para Castello Branco, o mercado brasileiro só voltará aos níveis pré-crise em meados de 2011 e início de 2012.
demanda. "Não são todos os setores que estão vendo a recuperação", disse o executivo. Ele estima que a demanda por aço crescerá no Brasil para 22,5 milhões de toneladas em 2010, ante 20,8 milhões de toneladas neste ano, mas diante de excedentes de produção. A Usiminas deve encerrar 2009 com um balanço de desembolso de R$ 2,3 bilhões.
No terceiro trimestre deste ano as vendas da siderúrgica somaram 1,7 milhão de toneladas, sendo 1,1 milhão destinadas ao mercado brasileiro, resultado que significou crescimento de 23% frente ao período de abril a junho. As exportações também se recuperaram, contribuindo para o balanço com crescimento de 109% ante o segundo trimestre. Tanto a receita líquida, de R$ 2,86 bilhões de julho a setembro, quanto o lucro líquido de R$ 454 milhões nesses meses mostraram crescimento de 19% e 23%, respectivamente, frente ao trimestre anterior. Nos nove meses do ano, a receita líquida de R$ 11,98 bilhões ficou 34% abaixo da performance do terceiro trimestre de 2008. O lucro líquido, de R$ 711 milhões, diminuiu 69% em comparação aos três primeiros trimestres do ano passado.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/Marta Vieira)
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