Na reunião com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Miguel Jorge, na quarta-feira, as empresas siderúrgicas argumentaram que o Brasil importou nos primeiros cinco meses do ano cerca de 5 milhões de toneladas de aço. "Isto equivale aproximadamente à produção da nossa unidade de Ipatinga em um ano. É um sinal consistente de que não há risco de desabastecimento do mercado e não há, portanto, o que justifique a redução de alíquotas. Não vemos razão para essa discussão", comentou ontem o presidente da Usiminas, Wilson Brumer, que participou da reunião.
Brumer afirmou que os ministros limitaram-se a "ouvir com educação" a argumentação dos empresários do setor, mas a Câmara de Comércio Exterior (Camex) retirou de sua pauta de discussões a redução da alíquota do Imposto de Importação (II) sobre o aço.
O executivo não quis comentar a decisão judicial do 6º Tribunal Regional Federal que confirmou a multa do Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça, que condenou a CSN, a Usiminas e a sua subsidiária Cosipa por formação de cartel em 1996. Em valores nominais da época, a condenação foi de R$ 51 milhões. "Este é um assunto que está nas mãos de nosso departamento jurídico", limitou-se a dizer.
Brumer participou ontem de um encontro de grandes consumidores promovido pela Cemig. O executivo reclamou do alto custo da energia elétrica para a indústria siderúrgica. Segundo Brumer, houve uma elevação de tarifas de 150% desde 2002, enquanto a inflação no período foi de 83%. Esse aumento fez o custo da energia elétrica alcançar 8% do preço final dos produtos, cifra que pode chegar a 40% na fabricação de ferro-ligas e a 35% na de alumínio. "Não existe mais viabilidade econômica para novos projetos de produção destes itens", afirmou.
Fonte: Valor Econômico/ César Felício, de Belo Horizonte
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