A Vale trabalha com um cenário de equilíbrio entre oferta e demanda para o minério de ferro em 2013 e 2014. A estabilidade ocorre mesmo com a entrada em operação de novos projetos. "O aumento de oferta vem sendo acompanhado por um crescimento sustentável da demanda", disse José Carlos Martins, diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale. Ele também previu que tende a haver "sustentabilidade" nos preços.
Segundo Martins, a média de preços do minério de ferro em 2013 situa-se em US$ 135 por tonelada. "Acredito que não deva fechar o ano em número muito diferente disso." Ele vê resistência para o preço cair abaixo de US$ 110 por tonelada, independente do nível de oferta e demanda, porque existe um leque de produtores de alto custo, principalmente na China. "Não acredito em horizonte no qual os preços vão cair abaixo de US$ 100 ou US$ 110 por tonelada, o que é [um preço] rentável para um minério de ferro como o da Vale, e justifica investimentos [em expansão e manutenção de projetos de ferro]", disse Martins.
O executivo reconheceu que será difícil voltar a ver taxas de crescimento de dois dígitos na China. "Houve ano de expansão de 20% na demanda de aço [no mercado chinês]. Isso não vamos ver mais, mas ainda há crescimento forte da demanda e da produção de aço na China e do consumo de minério." A demanda só não foi maior, segundo ele, porque houve redução de estoques, que tirou dois ou três pontos percentuais de crescimento na demanda por minério.
Para Martins, os produtores de minério de ferro têm que colocar no mercado, no mínimo, 100 milhões de toneladas de capacidade adicional por ano para compensar o esgotamento de minas em operação, que precisam ser substituídas, e para atender o crescimento da demanda de aço no mundo. Só o esgotamento de minas operacionais representa um volume da ordem de 50 milhões a 60 milhões de toneladas por ano, afirmou. A Vale mantém a estimativa de produzir 306 milhões de toneladas de minério de ferro em 2013.
O diretor-executivo de finanças da Vale, Luciano Siani, disse que o plano de desinvestimentos da companhia continua. "Continuamos avaliando ativos não 'core' [não estratégicos]", disse Siani. Ele reconheceu que o ambiente para venda de ativos é desafiador. Mas afirmou: "Não temos filosofia de vender ativos a qualquer preço."
O conselho de administração deu sinal verde para a venda de uma fatia da Valor da Logística Integrada (VLI), empresa controlada da área de carga geral. A Vale deve fechar a negociação, ainda este mês, com dois novos sócios da VLI e até o fim do ano uma terceira companhia deve ingressar no capital da empresa. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, deixou claro ontem que a mineradora não colocou à venda os ativos de fertilizantes. No mercado há quem diga que a Vale poderia se desfazer dessa área de atividade.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes e Rafael Rosas | Do Rio
PUBLICIDADE