Mineradora quer ampliar posição na China com construção de um ambicioso centro de transbordo
KUALA LUMPUR - A mineradora Vale iniciou a construção de um ambicioso centro de transbordo de minério de ferro na Malásia, numa tentativa de ampliar sua posição na China, que já é seu maior mercado. A medida é uma resposta à forte competição com mineradoras da Austrália, que ganham vantagem devido à proximidade geográfica com os chineses.
O complexo, com investimento estimado em US$ 1,3 bilhão, vai incluir uma unidade de pelotização, um quebra-mar e armazéns. Localizado no estado de Perak, no norte da Malásia, o centro será a nova base da Vale para atender seus compradores asiáticos. "Nós queremos estar mais perto dos nossos clientes nessa região", disse Marcelo Figueiredo, diretor de portfólio para os projetos da mineradora na Malásia e em Omã.
A construção do complexo é significativa, após a fracassada tentativa da Vale de implantar uma unidade similar no porto de Qingdao, no nordeste da China. As siderúrgicas chinesas se opuseram ao projeto, temendo que o envolvimento de mineradoras estrangeiras na distribuição local de minério de ferro permitiria que elas criassem um mercado spot, fortalecendo assim seu poder sobre os preços.
A Vale também enfrenta a crescente competição das mineradoras australianas, que têm conseguido bons negócios com compradores chineses nos últimos anos, já que é mais barato enviar o minério do país para a China. Atualmente leva cerca de 45 dias para o minério embarcado no Brasil chegar à China, sendo que os australianos conseguem entregar seu produto em um prazo muito menor.
O complexo na Malásia terá capacidade de receber os navios Valemax - os maiores graneleiros do mundo, com capacidade de até 400 mil toneladas - reduzindo substancialmente os custos da mineradora com transporte. Segundo Figueiredo, a unidade terá capacidade anual de produção de 60 milhões de toneladas quando as operações começarem, em 2014, sendo que eventualmente esse volume pode subir para 200 milhões de toneladas.
O diretor afirma que o porto tem uma posição perfeita nas rotas de embarque entre o Brasil e a Ásia, e não precisará de dragagem para receber os navios Valemax. O complexo é essencial para a Vale atingir a meta de produzir 469 milhões de toneladas de minério de ferro até 2015. Em 2010, a produção global foi de 308 milhões de toneladas, e para este ano a companhia prevê um aumento de 1%, para cerca de 310 milhões de toneladas. As informações são da Dow Jones.
Fonte: Agência Estado/Álvaro Campos
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