A Vale vai "defender vigorosamente" a posição de não fazer pagamentos adicionais à BSG Resources devido ao acordo de compra de participação de 51% no projeto de minério de ferro de Simandou, na Guiné, uma das maiores reservas não exploradas do mundo.
A mineradora brasileira adquiriu uma participação no projeto em 2010 por US$ 2,5 bilhões, sendo US$ 500 milhões no fechamento do negócio e o restante à medida que determinadas etapas do projeto fossem postas em prática, inclusive um pagamento adicional de US$ 180 milhões caso condições específicas fossem cumpridas até dezembro do ano passado.
As informações divulgadas pela mineradora brasileira ontem no relatório 20F - documento entregue anualmente ao regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, onde a Vale tem ações listadas - dão conta que o "vendedor, que detém os 49% restantes da VBG, exigiu o desembolso adicional alegando que as condições para o pagamento foram cumpridas".
"Defendemos que a demanda é sem mérito, pois as condições para o pagamento não foram cumpridas e ocorreu um evento de força maior nos termos do contrato. Pretendemos defender vigorosamente nossa posição no caso do vendedor reivindicar qualquer exigência", informou a Vale no documento.
O projeto Simandou é alvo de revisão contratual pelo governo da Guiné após um conturbado processo de transferência de seus direitos minerários. Os direitos pertenciam a uma rival da Vale, a Rio Tinto, mas foram confiscados pelo governo.
A BSG Resources, de propriedade do bilionário israelense de diamantes Beny Steinmetz, chegou a um acordo em 2008 para controlar metade do depósito de minério de ferro. Não houve pagamento em dinheiro, embora tenha investido R$ 160 milhões no projeto e tenha se comprometido a gastar R$ 1 bilhão para reconstruir uma estrada de ferro.
Dois anos depois, a BSG formou uma joint venture com a Vale. No entanto, a mineradora brasileira decidiu colocar o projeto em revisão, diante das condições conturbadas e priorizando outros projetos no Brasil, como o de Serra Sul.
"De acordo com os regulamentos adotados pelo governo, o processo de revisão contratual poderá resultar no cancelamento ou renegociação dos direitos de mineração dependendo das descobertas e das recomendações do comitê técnico responsável pela realização do processo de revisão contratual", informou a Vale no relatório.
O presidente da Guiné, Alpha Condé, chegou ao poder no país do oeste africano em 2010 com a promessa de fortalecer o setor de mineração, cujas ricas reservas de ouro, diamante, bauxita e minério de ferro têm atraído pouco investimento devido a décadas de corrupção e desordem. (Com Reuters)
Fonte:Valor Econômico/Rafael Rosas | Do Rio
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