SÃO PAULO - A Vale quer ultrapassar suas concorrentes australianas e se tornar a maior fornecedora de minério de ferro da China, disse o presidente da companhia, Murilo Ferreira, em entrevista à agência de notícias chinesa “Caixin”.
Hoje, a empresa vende cerca de 180 milhões de toneladas da commodity para o gigante asiático, o que a coloca em terceiro lugar — atrás de Rio Tinto e BHP Billiton. Com a estratégia de formar acordos com armadores chineses e montar um centro de distribuição na China, por exemplo, a Vale pretende chegar a 250 milhões de toneladas — o que representaria um incremento de 38,9%.
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Isso será possível, disse o executivo, porque a visão de longo prazo da companhia é melhor do que as projeções de mercado. Ferreira afirmou que o minério deve ficar cotado entre US$ 65 e US$ 80 por tonelada no longo prazo. Atualmente, a matéria-prima vale US$ 56 por tonelada.
O presidente da Vale revelou sua projeção à “Caixin” em resposta à agência de classificação de risco Moody’s que, além de ter retirado seu grau de investimento no fim de fevereiro, cortando o rating para “Ba3”, usou em seus modelos uma cotação de US$ 40 a US$ 45 para o minério no longo prazo. “Eles estão sempre tentando impor sua filosofia à Vale. Eu discordo desses cálculos”, afirmou Ferreira.
Outro ponto que sustenta o aumento de oferta para a China é a contínua redução de custos para o produto entregue no país. Há alguns anos, levar o minério de ferro para o mercado chinês custava cerca de US$ 90 por tonelada, lembra o executivo, mas esse valor já caiu a US$ 32 recentemente. No primeiro trimestre, acrescentou na entrevista, o custo pode recuar a US$ 30 ou menos.
Na conversa com a “Caixin”, o presidente da Vale também revelou sua projeção para a indústria siderúrgica chinesa. Ele explicou que o ambiente de negócio para o setor melhorou no país nos últimos meses, principalmente pela percepção de que haverá abundância de crédito. Isso, completou, auxiliou na alta dos preços do minério.
Segundo a visão de Ferreira, a indústria vai melhorar em 2016, na comparação com o ano passado. “Não vamos ver algo brilhante, como em 2011 ou 2012, mas será uma situação melhor do que em 2015. Acredito que seja sustentável esse nível e podemos ver alguma alta no mercado”, disse.
Ainda comentando sobre a Moody’s, o executivo lembrou que o programa de desinvestimentos da Vale prevê US$ 12 bilhões em recursos que irão a seu caixa, o que vai reforçar o perfil de crédito. “Também vamos em breve anunciar uma operação que vai poder satisfazer os credores”, comentou, sem dar detalhes.
Hoje, com a movimentação mais forte no porto de Qingdao, na China, os preços do minério de ferro subiram ao maior nível em duas semanas. A cotação do produto com teor de 62% de ferro avançou 4,8%, para US$ 56,62 a tonelada, segundo levantamento da “Metal Bulletin”.
Fonte: Valor Econômico/Por Renato Rostás