AVenezuela lançou nesta terça-feira (20) sua moeda virtual, o token chamado petro. Foram emitidos, em uma espécie de pré-venda, 82,4 milhões de tokens, mas o governo local afirmou que 100 milhões de unidades serão criadas, que devem render um valor total de US$ 6 bilhões.
Os tokens têm como garantia as reservas de petróleo do país latino-americano. Esta é a primeira criptomoeda do mundo a ter commodities como garantia. Alguns analistas, contudo, ressaltam que o petróleo que será usado para garantir a operação ainda não foi extraído das reservas naturais do país.
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A partir dessa madrugada, potenciais compradores podem se registrar para a pré-venda. O representante do governo responsável pelo token, Carlos Vargas, afirmou que na pré-venda e na oferta inicial de moeda (ICO, na sigla em inglês) será possível adquirir o petro com moedas estrangeiras e criptomoedas, mas não com bolívar. De acordo com Vargas, o token deve atrair investimentos da Turquia, Qatar, Estados Unidos e Europa.
A decisão de criar o petro foi anunciada em dezembro pelo presidente Nicolás Maduro. A expectativa é de que a venda da criptoeda ajude a resolver o grave problema de liquidez que o país vem enfrentando. Em declaração, o presidente afirmou que o ativo vai ajudar a Venezuela a “avançar na resolução de problemas como soberania monetária, a fazer transações financeiras e a superar o bloqueio econômico”.
A Fortune lembra que o bolívar está em queda acentuada em relação a outras moedas. No início desse mês, a divisa registrou desvalorização de 99,6% frente ao dólar.
“Com os ICOs, as criptomoedas mostraram que podem ser uma forma de financiamento para startups, fora dos modelos tradicionais e com capacidade de alcançar investidores no mundo inteiro”, disse Matthew Newton, analista da plataforma eToro, ao Business Insider. “Com o petro, estamos testemunhando essa oportunidade em uma escala muito maior, e é a primeira do tipo. Outras nações que sofreram embargos vão acompanhar de perto o petro, que pode criar um precedente”, afirmou.
A oposição venezuelana tem dito que a medida é uma forma “ilegal de venda futura de petróleo” e diz que a criptomoeda é propícia para a corrupção. O diretor da consultoria Longview Economics, Harry Colvin, também questiona a emissão do petro. “A Venezuela é conhecida por ter se apropriado indevidamente de ativos no passado e o banco central do país está lidando com problemas como a hiperinflação, então eu imagino que surgirão dúvidas quanto à transparência e segurança da moeda digital”, afirmou à CNBC. “Se Maduro perder a eleição em abril ou se for retirado do poder, o petro provavelmente será considerado ilegítimo”, diz.
Fonte: Época Negócios