A presidente da Petrobras, Graça Foster, fez ontem pela primeira vez, um balanço do portfólio de ativos de exploração da Petrobras nos diferentes regimes de concessão. Ao mencionar que a Petrobras já tem reservas provadas e potenciais de 35,1 bilhões de barris de petróleo considerando as áreas do pré-sal inclusive da cessão onerosa. A uma plateia lotada de executivos da indústria, Graça mapeou os sistemas de produção e de perfuração da Petrobras, e deu um panorama sobre o futuro da companhia e da importância que o Brasil terá como supridor de petróleo para o mercado mundial. Mostrou estudos de modelos chamando a atenção para o fato de o país estar prestes a fazer parte do grupo de produtores não vinculados à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Segundo Graça, o desafio de Libra é que a produção ali vai permitir uma oferta significativa para atender parte da demanda por petróleo no mundo, sendo capaz também de diminuir a participação da Opep na oferta e na formação dos preços no mercado internacional. "Nós temos à nossa frente, sem dúvida nenhuma no Brasil, futuras rodadas de licitação. E aí, uma grande questão ao meu país, que não é respondida pela Petrobras, é qual a posição do país. O Brasil autossuficiente ou um Brasil exportador de petróleo?", disse a executiva, observando em seguida que o país não está isolado, tem vizinhos, parceiros e concorrentes.
"Existem variáveis que nos cercam, como a situação econômica do Brasil. E [entre] o Brasil e a Petrobras existe alguma independência entre as duas partes", disse.
Na apresentação de cenários do mercado e de geopolítica, baseados em estudos das consultorias IHS e Wood Mackenzie, Graça disse que "produzir mais, participar mais, ser mais, arriscar mais, não depende só de Petrobras, depende do mundo, da geopolítica do petróleo". Mostrando projeções de 2013 a 2030, disse que "o desafio está em fazer escolhas hoje em um ambiente de grande incerteza", disse. "Mas não porque a economia mundial esteja tão volátil, não porque os Estados Unidos ainda não tenha recuperado a economia plenamente, não porque a Europa, não porque o Brasil, mas porque esse é o mundo do petróleo. Grandes escolhas em um momento de grandes incertezas", frisou.
Segundo a executiva, a Petrobras está pronta para discutir com os ministérios da Fazenda e Minas e Energia as datas para declaração de comercialidade dos campos concedidos no regime de cessão onerosa, que vão começar a produzir entre 2016 e 2019.
"Enviamos carta para o governo no dia 10 de outubro solicitando que sente conosco para conversar sobre declaração de comercialidade e para rever contratos, se for o caso, para conversarmos sobre o presente da cessão onerosa e sobre o futuro", disse a presidente da estatal.
A executiva deu, pela primeira vez, alguns detalhes sobre as negociações para formação do consórcio que disputou Libra, que contou também com a Shell, Total e as chinesas CNPC e CNOOC. Graça contou que foram longas discussões durante muitos meses e, surpreendentemente, de muita competição. No caso, de empresas que queriam se associar à Petrobras. "Libra foi um leilão com muita competição. Grupos que interessavam muitíssimo à Petrobras, outros grupos que interessavam menos, grupos parceiros estratégicos de longa duração, outros que poderiam nos ensinar tanto que não sabemos, e outros que queriam muito aprender conosco", disse.
Sobre o início da produção em Libra, prevista para 2020 com doze plataformas, Graça enfatizou que a Petrobras trabalha para otimizar os investimentos e custos operacionais. "Trabalharemos uma estrutura dedicada que permita cumprir o prazo e custos", disse. E evitou falar em números. "Não queremos dar tantos números, mas Libra entra para nós em um momento extremamente importante. Em 2017 começa a se tornar material a presença de Libra em termos de dólar, de investimento, no nosso plano de negócios e gestão".
A executiva destacou que em 2017 a Petrobras estará produzindo 750 mil barris de petróleo por dia adicionais aos atuais 2 milhões de barris/dia. Os investimentos maiores dos sócios serão feitos entre 2020 e 2023 para que o campo possa atingir seu pico de produção, sem mencionar estimativas de volumes.
A Petrobras negocia com a CNPC a venda de seus ativos no Peru, incluindo sua participação em um bloco no país onde a Repsol, que é operadora, encontrou reservas gigantes de gás. O negócio envolve mais de US$ 2 bilhões e deve ser anunciado pela estatal até o fim do ano.
Fonte:Valor Econômico/Cláudia Schüffner, Elisa Soares e Marta Nogueira | Do Rio
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