A petroleira independente Anadarko, dos Estados Unidos, venderá suas operações no Brasil. A informação que vinha sendo alvo de especulações foi confirmada ontem pela diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, que afirmou que a decisão da empresa envolve questões "negociais".
Magda lembrou que o processo é bastante semelhante ao já realizado pela Devon, que saiu do país ao optar pela concentração de atividades nos Estados Unidos. A Devon cedeu seus direitos e obrigações através de um data room, em que a empresa vencedora do processo de negociação foi a britânica BP.
"Fico com pena, a Anadarko vinha atuando no Brasil de forma muito competente, mas é uma opção de negócio deles", disse Magda, ao participar ontem da Offshore Technology Conference (OTC).
Ela lembrou que a companhia americana ajudou a desenvolver o campo de Peregrino, hoje operado pela Statoil, com participação de 40% da chinesa Sinochem. "(A Anadarko) Já fez descobertas em áreas exploratórias que parecem que vão ser importantes no Brasil", disse a diretora da ANP.
A informação de que a Anadarko estaria a procura de compradores para seus ativos no Brasil circula há algumas semanas no mercado. Segundo a agência de notícias Reuters, Citigroup, Morgan Stanley e Scotia Waterous foram contratados para negociar com os possíveis interessados. O "Financial Times", que primeiro publicou a possível venda, disse que os ativos podem valer entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões. Procurada, a companhia não comentou a informação dada pela diretora da ANP.
A agência reguladora também informou que está iniciando um processo para tornar públicas todas as informações dos campos de petróleo brasileiros, inclusive a produção por campo. Magda destacou que as divulgações foram iniciadas por áreas marginais no Recôncavo, na Bahia, porque são locais sobre os quais a agência reguladora já tinha informações prontas para divulgação.
"Estamos na direção de fazer um trabalho em prol da transparência, para disponibilizar 100% das informações sobre os campos de petróleo, sobre todas as áreas em que o contrato está em fase de produção. Vamos fazer de todos", informou Magda, sem revelar os custos ou os prazos para que o trabalho esteja completo.
A determinação de publicar informações de todos os campos de petróleo do Brasil é inspirada na experiência da Noruega. Os órgãos reguladores do país europeu colocam à disposição dos investidores, campo a campo, uma série de informações públicas, entre as quais o número de plataformas que existe em cada campo, a capacidade de produção de cada unidade, todo o histórico de produção de cada uma das plataformas e o volume produzido ao longo do tempo por cada um dos campos.
A diretora comentou também o término do mandato do diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, previsto para dezembro. Embora seja cotada para substituir Lima - que ocupa o principal cargo da agência desde 2005 - Magda negou a possibilidade de assumir o comando do órgão.
"Eu não tenho nada disso em mãos (assumir a ANP), não existe esse compromisso. Essa é uma indicação que tem gente que ganha para fazer", limitou-se a dizer a diretora, que faz parte da diretoria da ANP desde 2008.
Fonte:Valor Econômico/Juliana Ennes e Rafael Rosas | Do Rio
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