Apenas 6 dos 24 blocos devolvidos na 11ª rodada de licitações de petróleo da ANP (Agência Nacional do Petróleo) encontraram novo comprador. Entre os 18 blocos "encalhados", 7 foram devolvidos pela OGX, do empresário Eike Batista, e 8 pela Petra Energia. Três foram devolvidos pela brasileira Sabre.
Quando são devolvidos após o leilão, os blocos são oferecidos aos segundos colocados pelo preço do vencedor. Se o segundo colocado não quiser ficar com o bloco, o mesmo é oferecido ao terceiro lugar e assim por diante.
Os 18 blocos que voltaram para a agência poderão ser novamente leiloados.
A OGX havia devolvido no total 9 dos 13 que conseguiu vencer na disputa no leilão, mas só conseguiu comprador para 2. A Petra devolveu 9, dos 28 adquiridos, e só repassou 1.
As duas foram as que mais devolveram blocos. A brasileira Sabre devolveu 3 blocos, dois na bacia Tucano, na Bahia (TUC-T-162; TUC-T-167) e um na bacia do Parnaíba, Maranhão (PN-T-169).
A maioria dos blocos da OGX encontraram dificuldade de serem repassados ao segundo colocado devido aos altos lances feito pelo empresário Eike Batista.
Mesmo assim, seu rival Rodolfo Landim, dono da Ouro Preto, ficou com um dos blocos, o PN-T-114, na bacia do Parnaíba, conforme antecipou a Folha na sexta-feira (20). A Ouro Preto foi a terceira colocada, atrás da Petra Energia, com lance de R$ 5,8 milhões pelo ativo. A oferta da OGX foi de R$ 6 milhões.
Voltaram para a ANP, após pagamento de multa pela OGX, dois blocos na bacia de Barreirinhas (BAR-M-251; BAR-M-389); um na bacia do Ceará (CE-M-663); um na bacia do Foz do Amazonas (FZA-M-184); e três na bacia do Parnaíba (PN-T-153; PN-T-168; PN-T-113).
Na bacia de Barreirinhas, por exemplo, onde a OGX fez os lances mais altos, a empresa ofereceu R$ 40 milhões (BAR-M-251) e R$ 80 milhões (BAR-M-389), enquanto a Ouro Preto, segunda colocada, ofereceu R$ 1,5 milhão e R$ 7 milhões, respectivamente.
Já a Petra repassou um dos blocos, também para a Ouro Preto, o PN-T-137, na bacia do Parnaíba. Voltaram para a agência outros oito blocos na mesa bacia que haviam recebido maior oferta da Petra.
Fonte: Folha de Sao Paulo/DENISE LUNA DO RIO
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Braskem pede definições no Comperj
Ao mesmo tempo em que dá sequência a sua estratégia de internacionalização - com um projeto bilionário em construção no México -, a Braskem quer ver evoluírem seus planos para o mercado brasileiro. Para tanto, a direção da companhia gostaria de chegar até o fim deste ano a uma definição sobre os preços da matéria-prima, que será fornecida pela Petrobras, e os incentivos fiscais para participação no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Entre as alternativas de crescimento, a Braskem também vai olhar com muito interesse oportunidades de investimento em projetos a base de gás de xisto nos Estados Unidos, que marcaram o renascimento do setor petroquímico americano, diante do baixo preço do insumo. E está na disputa pelos ativos de PVC da Solvay Indupa no Brasil e na Argentina.
"A Braskem acredita no projeto [do Comperj] e espera que saia cedo", disse o presidente da companhia, Carlos Fadigas, em entrevista ao Valor. "Não há risco de a Braskem não fazê-lo para privilegiar outro projeto", garantiu. Somente no Comperj, o investimento, ainda sujeito a ajustes em decorrência dos estudos de engenharia em andamento, está estimado em US$ 5 bilhões.
Um dos principais pontos de negociação entre Braskem e Petrobras é relativo ao preço do gás natural, que servirá de base para a produção de polietileno. A companhia defende o uso da cotação americana Mont Belvieu, que tem variado entre US$ 3,5 e US$ 4 por milhão de BTU, mas a inexistência de uma referência doméstica para essa fração do gás, que é usada como matéria-prima pela indústria petroquímica, tem estendido as discussões com a estatal.
Para geração de energia, o gás usado para queima é fornecido pela Petrobras por cerca de US$ 12 o milhão de BTU. A Braskem defende outra precificação para a fração específica do insumo que será usada na fabricação de resinas. "Não existe projeto petroquímico se não houver referência de mercado. Essa é a discussão com a Petrobras: queremos um projeto competitivo."
Neste momento, segundo Fadigas, um grupo de 80 profissionais da companhia está trabalhando na engenharia do projeto. "O projeto Comperj é real. Ele existe", disse o executivo. "Não faz sentido ficar baseado na exportação de recursos naturais. Hoje, 33% de todos os químicos no Brasil são importados", acrescentou.
Enquanto segue a negociação sobre preços da matéria-prima entre Braskem e Petrobras para o Comperj, grandes grupos, como Dow Chemical, Sabic e Formosa Plastics, voltaram à carga com projetos petroquímicos nos Estados Unidos. Até o fim da década, novas unidades adicionarão ao mercado 10 milhões de toneladas de eteno, ou o equivalente a 37% da capacidade instalada americana, para produção de polietileno, segundo dados da consultoria Townsend Solutions. Em todos os casos, a referência de preços é Mont Belvieu.
No México, o contrato de fornecimento de gás com duração de 20 anos, firmado com a estatal Pemex pela joint venture Braskem Idesa, leva em conta a referência americana. Ali, o investimento para produzir 1 milhão de toneladas por ano de polietileno de alta e baixa densidade se aproxima de US$ 4 bilhões, considerando-se capital de giro.
"Vamos sofrer concorrência com os Estados Unidos", reconheceu Fadigas, acrescentando que o México é grande importador da resina. Hoje, o país produz 500 mil toneladas por ano de polietileno, porém consome 1,7 milhão de toneladas anuais. Dessa forma, mesmo com o projeto da Braskem Idesa, que começa a operar em 2015, a produção local não será suficiente para atender a demanda. Mas o fato de os preços da matéria-prima estarem alinhados à referência americana garantirá competitividade aos negócios da joint venture.
A maior petroquímica das Américas também está participando do processo de compra e venda de ativos de PVC da belga Solvay, em Santo André (SP) e Bahía Blanca (na Argentina), numa operação que, segundo fontes de mercado, poderá girar entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões. "O PVC é uma resina importante para a Braskem", disse Fadigas. Em 2012, com investimento de R$ 1 bilhão, a petroquímica inaugurou fábrica com capacidade para 200 mil toneladas por ano da resina em Alagoas.
As duas unidades da Solvay, conforme Fadigas, interessam à Braskem. A fábrica paulista, explicou o executivo, por estar situada em um importante mercado para a resina. Já a unidade na Argentina daria musculatura à petroquímica, que hoje só possui escritório comercial no país. Por ano, afirmou o executivo, o faturamento da Braskem no mercado argentino gira entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões. No ano passado, a receita líquida da Braskem alcançou R$ 35,5 bilhões, com resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 4 bilhões.
Fonte: Valor Econômico/Stella Fontes | De São Paulo
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