Rio passa a contar com laboratórios capazes de desenvolver protótipos em 3D para a indústria de óleo e gás >> As melhores tecnologias de prototipagem 3D hoje existentes são realidade do mercado brasileiro de óleo e gás. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC), o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), com apoio da Petrobras e da Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP), inauguraram em 11 de agosto o projeto Fabricação Digital. A estrutura conta com quatro modernos laboratórios.
PUBLICIDADE
Três deles pertencem ao Centro Técnico científico da PUC (CTC/PUC-Rio) e um ao INT. Todos são capazes de oferecer à indústria sete técnicas de prototipagem em vários tipos de materiais, como titânio, alumínio, aço, nylon e outros plásticos de alta resistência, para a produção de protótipos e produtos. O projeto conta com o investimento de R$ 10 milhões da Petrobras (proveniente da obrigatoriedade de 1% para investimentos em P&D).
Os quatro laboratórios já funcionam dentro das instituições, mas, além dos novos equipamentos, agora passam a trabalhar de forma conjunta, tendo entre seus clientes empresas fornecedoras do setor de óleo e gás. “Com a possibilidade de oferecer todas as condições para a produção de peças em 3D, o objetivo do projeto Fabricação Digital é fortalecer a cadeia de fornecedores brasileiros de bens e serviços na área de petróleo e gás e desenvolver tecnologia nacional”, ressalta Sérgio Braga, diretor do CTC/PUC-Rio. A PUC e o INT, com seus laboratórios integrados, oferecerão os serviços tecnológicos, a Onip receberá as demandas e analisará a viabilidade dos projetos requisitados.
Segundo Carlos Camerini, superintendente da Onip, o principal ganho tecnológico com o projeto é a redução do tempo e do custo para desenvolver os protótipos. Agora, com as novas tecnologias, um protótipo pode ser feito em dias. Além de beneficiar as grandes empresas, que terão uma prestação de serviço mais rápida e de melhor qualidade, a iniciativa também traz vantagens para as micro, pequenas e médias empresas. “Antes, muita tecnologia que estava sendo desenvolvida no Brasil tinha que ser mandada para o exterior para prototipar. Agora, as empresas menores não precisarão mais sofrer com os problemas de custo e tempo que esse processo traz, utilizando mecanismos como o Sebraetec”, afirmou.
O Laboratório de Desenvolvimento de Protótipos da PUC passa a contar com cerca de 30 equipamentos, incluindo uma impressora de protótipos em metal. No Núcleo de Experimentação Tridimensional da PUC-Rio (Next), ligado ao Departamento de Artes & Design, uma impressora 3D de alta definição e um braço robótico para a confecção de componentes de grandes dimensões são os destaques.
A PUC conta também com o Giga, que atua no segmento de automação e de eletrônica embarcada e recebeu um conjunto de oito equipamentos vindos da Alemanha capazes de produzir, de forma ágil e flexível, protótipos e cabeças de série de placas de circuito impresso completamente montadas. “A prototipagem eletrônica vem complementar e acelerar os processos de desenvolvimento de soluções em automação e controle de máquinas e equipamentos. O Giga atua em todo o ciclo de desenvolvimento de sistemas embarcados, partindo da especificação de componentes e projeto eletrônico (projeto de hardware), passando pelo software embarcado (projeto de firmware) e indo até o aplicativo final. Com os equipamentos adquiridos pelo Projeto Fabricação Digital iremos acelerar a trajetória das empresas parceiras no sentido da autonomia tecnológica e de aumento do valor agregado dos produtos e serviços ofertados por estas empresas”, revela Raul Nunes, coordenador do Giga.
Já no Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), o Laboratório de Modelos Tridimensionais (Lamot) passou por uma ampla reforma para receber duas máquinas especiais para o Projeto Fabricação Digital, ambas de origem alemã. Uma delas, a Voxel Jet (VX 800), tem capacidade para imprimir as maiores peças geradas por tecnologias de impressão 3D dentre os equipamentos disponíveis no Brasil. Os modelos são gerados em PMMA (polimetilmetacrilato), material que evapora completamente ao ultrapassar a temperatura de 600°C, permitindo seu uso como matriz para criação de moldes precisos para a fundição de peças metálicas. As impressões podem chegar à dimensão de 80x45x50cm. Outra máquina é a Formiga (P 110), que usa tecnologia de sinterização a laser para consolidar modelos ou peças finais em nylon. O INT é pioneiro na área de prototipagem rápida no país, realizando impressão 3D desde 1997.
De acordo com números da ONIP, responsável pela gestão do projeto Fabricação Digital (recebendo as demandas, analisando a viabilidade de execução e coordenando a entrega dos equipamentos), o Brasil tem uma demanda reprimida de mais de 400 empresas na área de óleo e gás em busca deste tipo de solução unificada. “Desenvolvemos um modelo em que a empresa é aconselhada, através de um escritório de especialistas da Onip, que filtra os melhores projetos a serem desenvolvidos, sendo um catalisador no processo”, ressalta Camerini.