O forte interesse chinês por investimentos no exterior, incluindo o Brasil, despertou o interesse de um grupo de executivos reunidos na Bambu Participações. A Bambu é uma holding focada em prestar consultoria financeira e serviços técnicos de engenharia e operacionais para empresas da área de petróleo. "Queremos trazer soluções financeiras da China para o setor de óleo e gás no Brasil. Isso inclui [oferta] de capital, seja via equity [participação acionária] ou por meio de dívida [empréstimos]
", disse Gustavo Shinohara, sócio-diretor da Bambu, cujo escritório fica em um prédio antigo da Cinelândia, no centro do Rio.
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A Bambu foi criada em 2014 por Shinohara e por outros dois sócios: Carlos Bernardi Soares e José Miguel de Oliveira. Eles trabalharam na Schahin, cujo plano de recuperação judicial foi reprovado em assembleia de credores na semana passada. Os três executivos saíram da Schahin e apostaram no próprio negócio.
Hoje, dois anos depois de fundar a empresa, o principal braço operacional é a Bambu Serviços de Petróleo e Gás (SPG). Há ainda outras duas empresas em fase de abertura: a Bambu Equipamentos, com foco em venda e distribuição de bens para a indústria de perfuração e produção de petróleo; e a Bambu Subesa, que aposta em fazer serviços de docagem e construção de sondas. Na Bambu Equipamentos, a empresa estabeleceu parceria com a Hitvalve, da Itália, e busca outros parceiros potenciais. "O objetivo é trazer [para o Brasil] fornecedores de equipamentos [de exploração e produção] na indústria de petróleo e gás", disse Shinohara. Ele afirmou que na Bambu Subsea foi feito um acordo com a Orbetec para fazer inspeção e reparo de "risers" (linhas) de perfuração de poços de petróleo.
Shinohara disse que a Bambu SPG já tem contrato com o Industrial and Commercial Bank of China Leasing (ICBC Leasing) e um acordo com a China Oilfield Serviced Limited (COSL). Segundo ele, com o ICBC Leasing a Bambu tem contrato para fazer gerenciamento e manutenção de duas sondas de perfuração de poços de petróleo que estão paradas em Macaé (RJ) à espera de oportunidades de afretamento para empresas operadoras.
No caso da COSL, existe uma parceria segundo a qual a Bambu poderá ser co-operadora em contratos que os chineses venham eventualmente a ganhar no mercado brasileiro, segundo o executivo. "O objetivo da COSL é fazer contratos de perfuração [de poços de petróleo] no mercado brasileiro, seja com Petrobras ou com outros operadores", disse Shinohara. De acordo com ele, a COSL entende que em algum momento precisa "botar o pé" no mercado brasileiro. "Eles [os chineses] já têm representante no Rio", disse Shinohara.
A relação da Bambu com a COSL foi possível, afirmou, graças ao entendimento que a empresa brasileira tinha com o ICBC Leasing. Shinohara lembrou que no ano passado o ICBC Leasing concluiu uma operação de financiamento com a Petrobras pela qual acertou com a estatal financiamento de US$ 2 bilhões por período de dez anos.
Na visão de Shinohara, apesar da crise econômica no Brasil, os chineses mantêm o interesse no mercado brasileiro. "Eles acham que [a crise] é um ciclo", afirmou. Mas reconheceu que, mesmo mantendo a disposição de investir, as empresas chinesas se tornaram mais "seletivas".
Ainda segundo ele, no setor de petróleo e gás as companhias chinesas têm capacidade de participar de todo o segmento de exploração e produção, prestando serviços de perfuração e produção e também fornecendo equipamentos, com "preço bom e competitivo", afirmou.
Fonte: Valor Econômico\Francisco Góes | Do Rio