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Batido o martelo: estaleiro não vai ficar em Fortaleza

Luizianne afirma que conseguiu do presidente Lula o compromisso de que o Estado do Ceará receberá outro estaleiro
Brasília (Sucursal) O estaleiro Promar Ceará não será instalado em Fortaleza. A garantia foi dada na noite de ontem pela prefeita da Capital, Luizianne Lins, que se reuniu em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e conseguiu deste o aval para vetar o aterro da área do Titazinho para a construção do Estaleiro Promar Ceará. "Eu estou muito feliz. É o fim desta novela do Estaleiro", afirmou Luizianne Lins.
Compromisso
Segundo a chefe do Executivo Municipal, o presidente Lula além de se mostrar sensível aos argumentos apresentados por ela, garantiu que o próximo estaleiro a ser instalado no Brasil será no Ceará. A prefeita só não sabe onde, nem quando este outro estaleiro será implantado. "Isto depende de estudos da Transpetro. Mas há o compromisso do presidente Lula neste sentido", afirmou Luizianne.
Em visita ao Ceará, no último dia 8 deste mês, o presidente Lula afirmou à imprensa que o Estado não poderia prescindir de um estaleiro".
"Nós apresentamos um estudo feito pela Prefeitura com a participação de 17 técnicos e colaboradores ao presidente Lula. Estudos que nos surpreenderam. Ficou comprovado que o melhor lugar não é a orla urbana de Fortaleza. O presidente foi sensível, compreendeu que o estaleiro no litoral da Capital representaria 100 hectares quadrados de aterro. Então, ele assegurou que mesmo pela questão do prazo, este primeiro estaleiro não vá para o Ceará, mas ficou garantido pelo presidente da República, que já orientou o presidente da Transpetro, que quer um estaleiro no Estado do Ceará. Não sendo este, que seja um próximo, a partir de um estudo fora da área urbana de Fortaleza", explicou Luizianne.
Indagada se esta solução contempla os interesses do Governo do Estado do Ceará, a prefeita afirmou que não tem conversado com o governador Cid Gomes sobre o assunto. "Esta solução contempla aos fortalezenses como um todo. Quando a gente compreendeu que era em qualquer lugar da orla, todos nós queríamos. Ninguém é contra 1.200 empregos, mas entendam, Fortaleza é uma cidade eminentemente turística, 94% da arrecadação do Estado vem da Capital. Não tem nenhuma economia forte no Interior. Quando nós compreendemos isto, vimos que não poderíamos ter sua orla aterrada", disse.
Novos estudos
A prefeita afirmou que um representante da Transpetro falaria com a imprensa ainda ontem sobre os próximos projetos de implantação de estaleiros e sobre o início dos novos estudos de um outro equipamento para o Ceará. No entanto, ao fim da entrevista da prefeita, todos os representantes da Transpetro já haviam deixado o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde despacha o presidente Lula durante a reforma do Planalto.
Ao defender sua posição contra a instalação do estaleiro em Fortaleza, Luizianne disse que em todos os locais do mundo eles são encravados fora das áreas dos grandes centros urbanos. "Para o próximo estaleiro do Ceará, não vão fazer o que fizeram comigo, chegar com o projeto já instalando um estaleiro na orla marítima da Capital. Agora os estudos vão apontar um local adequado". A prefeita defendeu que o futuro empreendimento seja implantado no Complexo Portuário do Pecém.
Críticas
Luizianne não poupou críticas aos empreendedores do Estaleiro Promar Ceará e ao Governo do Estado. Segundo Luizianne, ela não conversaria com o governador Cid Gomes sobre a decisão tomada ontem porque ele foi "assistir à Copa do Mundo".
A prefeita mais uma vez reclamou do fato de não ter sido consultada, não ter tido acesso a qualquer estudo feito sobre a utilização da área do Titazinho. Afirmou que todos os estudos aos quais a Prefeitura teve acesso foram produzidos por ela. "Nossos estudos não foram contestados pelos empreendedores. Eles confirmam o que nós já dizíamos. A vocação da Cidade é turística. O maior número de habitantes por metro quadrado do Brasil está em Fortaleza. Não é São Paulo, não é Rio de Janeiro, não é Salvador. É Fortaleza. Nós temos um pequeno território e uma grande concentração urbana. Então não cabe uma indústria deste porte em nossa área", decretou.
A Assessoria de Imprensa da Transpetro afirmou na noite de ontem que o presidente da empresa, Sérgio Machado, só falaria hoje sobre o assunto. Já o presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Francisco Zuza de Oliveira, afirmou que aguarda um posicionamento oficial da prefeita. O diretor presidente do Promar Ceará, Paulo Haddad, não atendeu às ligações da reportagem.
DE INDEFINIÇÃO
Novela durou quase um ano
Por quase 12 meses, o estaleiro no Titanzinho esteve em pauta na sociedade cearense, gerando muita polêmica
Iniciada em 1º de julho, no gabinete do governador Cid Gomes, a "novela" do Estaleiro Promar Ceará e arrastou por quase 12 meses. Nesse intervalo, o tema norteou debates na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa do Ceará, nas comunidades do Serviluz e em entidades de classe, como a OAB-CE e o IAB-CE. Dividiu parlamentares e gerou o primeiro impasse político entre Cid Gomes e a prefeita Luizianne Lins. De um lado, o governador defendia, ainda no início de março, que o empreendimento ou seria no Titanzinho ou não seria no Ceará. Em lado oposto, a prefeita afirmou que o equipamento era "um trambolho"e que "a Cidade tem prefeita", após saber das articulações de Cid Gomes com vereadores de oposição do Executivo Municipal para assegurar a instalação do estaleiro no Serviluz. No meio do jogo político, o sócio do Promar Ceará, Paulo Haddad, tentava confirmar o empreendimento no Titanzinho, único local de seu interesse. Em maio, Luizianne chegou a admitir a implantação do empreendimento na Capital, mas recuou após visitar o Estaleiro Atlântico Sul (PE) e conferir Estudo das Alternativas de Localização em praias no Estado. Para não assumir só a posição do contra, pediu o apoio de Lula e venceu.

Fonte: Diário do Nordeste(CE)/ANE FURTADO

 


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