Conversão de PSV em embarcação de apoio a terminais oceânicos será segunda do tipo em operação no mercado brasileiro e primeira a operar sob bandeira nacional. Unidade será afretada pela Petrobras, com contrato inicial de 4 anos
A Belov prevê, para até o final deste mês, a conclusão de um PSV (transporte de suprimentos) em OTSV (apoio a terminais oceânicos), que será o segundo do tipo em operação no mercado brasileiro e o primeiro a operar sob bandeira nacional. O Belov Mares, em construção no estaleiro do grupo na Bahia, será o segundo com essas características a operar para a Petrobras, com contrato de afretamento com validade de quatro anos, renovável por mais um ano. O OTSV (Offshore Terminal Support Vessel) trata-se de uma embarcação adaptada para prestar serviços de apoio às plataformas tipo FPSO/FSO nas operações de descarga de petróleo para os navios-tanque (offloading), em especial na manutenção das linhas de mangote de offloading.
O diretor de obras e serviços subaquáticos da Belov, Juracy Gesteira Vilas Bôas, explicou que o OTSV não é um produto de prateleira em nenhum estaleiro do mundo por se tratar de uma embarcação com grande quantidade de equipamentos especiais, onde os itens principais são os carretéis para linha de mangotes de offloading. Essa característica traz a necessidade de aquisição para conversão de uma embarcação comum do tipo PSV, especializados no apoio às plataformas oceânicas de perfuração, ou produção, ou MPSV (multipropósito), que contam com diversos equipamentos, podendo executar tarefas de abastecimento, reboque, pesquisa e até resgate.
Vilas Bôas acrescentou que a conversão para OTSV demanda um número muito grande de horas de engenharia, para desenvolver um projeto especial sobre demanda e em seguida executar tal adaptação. A embarcação foi adquirida com capital próprio, com custo de aproximadamente R$ 90 milhões, e a conversão foi financiada com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e custará em torno de R$ 60 milhões. “O estaleiro Belov nunca tinha projetado, construído ou convertido um PSV em OTSV. Também está sendo inédita a construção e instalação de equipamentos muito específicos como carreteis, CRO (coletor de resíduos oleosos), sistema de fornecimento de gás inerte”, detalhou Vilas Bôas à Portos e Navios.
Além do OTSV, a Belov tem em andamento as obras do segundo empurrador híbrido, com entrega prevista para este mês, e a transformação de uma balsa em uma draga, prevista para ser entregue em outubro. Vilas Bôas destacou que o estaleiro tem se especializado em construção de embarcações inovadoras com alta tecnologia e desenvolvimento associado. “Em nosso estaleiro construímos as primeiras embarcações do mundo que eram diesel-elétricas com hidrojato como propulsão principal e também DP2 (posicionamento dinâmico tipo 2) e também os primeiros empurradores híbridos do planeta”, disse.
O OTSV que opera no Brasil é o único em operação no mundo e trata-se de uma embarcação estrangeira, construída no exterior, utilizando bandeira brasileira provisória sob o REB (registro especial brasileiro). “Esta conversão de um PSV em OTSV será a primeira projetada e convertida no Brasil e será o primeiro OTSV de bandeira brasileira, pois, apesar de o PSV estar sendo construído na China, por se tratar de uma embarcação nova, a mesma foi nacionalizada e hoje está sob bandeira brasileira”, ressaltou Vilas Bôas.
O diretor acrescentou que muitos dos equipamentos especiais, pela primeira vez, serão projetados, construídos e instalados no Brasil e por uma empresa brasileira. A embarcação será afretada à Petrobras com sistema de medição remota de altura de onda por micro-ondas verticais de alta frequência, detectadas por radar especial. Os carretéis para armazenamento e transporte de mangotes flutuantes de offloading serão capazes de armazenar as linhas de mangotes completas e suas válvulas (tipo NSV ou borboleta) nas extremidades.
As versões anteriores de carretéis exigiam a retirada da NSV ou da válvula borboleta para a armazenagem da linha de mangotes. O carretel de mangotes de offloading poderá enrolar toda uma linha de offloading sem nenhuma desmontagem. Até hoje, os carretéis existentes não conseguem armazenar uma linha de mangotes sem a remoção das válvulas — sejam elas do tipo NVS, sejam válvulas borboletas.
Com isso, a empresa precisa remover as válvulas das seções dos mangotes, no convés da embarcação, antes de colocar o restante da linha no carretel. O carretel do Belov Mares foi projetado e está sendo construído para armazenar toda a linha, incluindo as válvulas, trazendo maior produtividade e um menor tempo de operação. Os carretéis foram projetados por uma empresa parceira e a engenharia da Belov atuou com o projetista para desenvolver um carretel confiável, com a capacidade solicitada pelo cliente e com capacidade de armazenar os mangotes juntamente com as suas válvulas.
Ao todo, serão cerca de 350 toneladas de estruturas metálicas a serem projetadas, construídas e instaladas no barco, para demandas como: carretéis de offloading, fundações de diversos equipamentos, rolo de popa, sistema de contenção de escoamento de óleo, guinchos de manuseio, entre outros. Além dos diversos equipamentos e recursos que a embarcação será dotada.
Vilas Bôas contou que, com o desenvolvimento desse projeto, o grupo Belov, iniciará seu plano de expansão no mercado de afretamento de embarcações. Apesar de ser proprietária de três embarcações de apoio a mergulho raso (SDSV — Shallow Diving Support Vessel) e de ter rebocadores e balsas portuárias, essa será a primeira embarcação de apoio marítimo que não atuará com mergulho. “Por se tratar de uma embarcação nova, construída no estaleiro Cosco, e vindo direto da China para Estaleiro Belov, podemos nacionalizá-la e, hoje, ela já está na relação de embarcações de bandeira brasileira da nossa frota. Isso consolida o nosso plano estratégico para essa área de atuação”, projetou.
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