Com operações atrasadas e produtividade cada vez mais reduzida, em função dos efeitos da crise financeira que enfrenta, a planta da Iesa, instalada em Charqueadas, deve manter 16 dos 32 módulos para plataforma de exploração do pré-sal contratados pela Petrobras. A confirmação foi feita pelo prefeito da cidade, Davi Gilmar, após conversa com o presidente da Iesa, Valdir Lima Carreiro. Os outros 16 módulos pendentes devem ser continuados na China.
Para que as operações tenham prosseguimento tanto aqui quanto no continente asiático, a parceria entre Iesa e Andrade Gutierrez, aguardada há meses, precisa ser firmada, projeta o prefeito, que tem acompanhado a estagnação do Polo Naval do Jacuí desde que as operações da Iesa foram comprometidas. “O que vemos pelos funcionários é que a produção da Iesa não está sendo eficiente. Portanto, precisa de alteração e, talvez, o ritmo da Andrade dê execução ao projeto”, comenta.
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Enquanto isso não acontece, o prefeito demonstra satisfação com a perspectiva de manutenção das operações na cidade, mesmo que em parte. “O pior cenário seria todos os módulos irem embora, se perdêssemos todo o projeto. Diante do contexto, estamos comemorando”, diz.
Com a sinalização de que parte dos módulos seguirá sendo projetada na cidade, Gilmar tem recorrido à Petrobras para solicitar a manutenção dos negócios firmados, além de buscar novas empresas para se instalarem no local, mantendo o Polo Naval de Jacuí. “Diretamente não temos nos envolvido. Solicitamos para a Petrobras priorizar os módulos aqui e esperamos que saia a parceria entre a Iesa e a Andrade, habilitando o empreendimento para novas licitações no futuro.”
No momento, a permanência dos 16 módulos na cidade assegura operações por mais dois anos, mantendo empregos na cidade, garantindo, também, fôlego à administração municipal na procura de novos empreendimentos para se instalarem no polo naval. De acordo com Gilmar, já existem quatro empresas interessadas, uma delas é estrangeira e as outras três são nacionais. “Participamos da feira Rio Óleo & Gás para buscar interessados”, destaca o prefeito, que, por enquanto, não pode abrir o nome das empresas.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Charqueadas, Jorge Luiz de Carvalho, vê com descrença os novos acontecimentos. O pior problema, segundo Carvalho, é a falta de informação. “Ninguém vem a público dizer que o Polo Naval do Jacuí será mantido”, pontua. Todas as informações que a entidade obtém sobre o empreendimento vêm dos trabalhadores da unidade, sendo que a maior parte deles (700) está em férias coletivas.
“Tem trabalhador que diz que vai ser demitido após o período das férias coletivas. A empresa não pagou o vale alimentação no dia 20 e tem salários atrasados”, elenca, dizendo que a perspectiva de mais uma paralisação dos funcionários (a terceira este ano) é grande nesse cenário. De acordo com o dirigente, a empresa não tem conversado com o sindicato sobre a situação dos trabalhadores. “Parcialmente o polo já foi desativado. Ninguém tem informações concretas sobre o futuro do polo naval”, critica.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)\Marina Schmidt