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Navalshore

Cidade que mais envelhece na Coreia do Sul

O foco em exportações também deixou a quarta maior economia asiática vulnerável ao crescente protecionismo por parte de grandes parceiros comerciais e outros choques externos.

“A Hyundai era tudo para mim. Estou sem esperanças”, afirma Lee em seu apartamento em um complexo arranha-céus popular entre os funcionários da Hyundai Motor, situado a 10km da fábrica.


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Com os jovens saindo da cidade em busca de empregos, Ulsan agora figura como a cidade que envelhece mais rápido no país, de acordo com Statistics Korea, agência do governo responsável pelas estatísticas no país. Sua população de 1.1 milhões de habitantes mais que quadruplicou desde 1970, mas caiu pela primeira vez em 2016, mesmo com a população crescendo no restante do país.

Os desafios encarados por Ulsan refletem, em muitas formas, aqueles enfrentados pelo centro-oeste americano nas décadas de 1970 e 1980, quando a região, que uma vez foi o coração industrial do país, foi atingida por uma grande perda populacional e de empregos.

Especialistas e executivos alertam que Ulsan — lar dos maiores complexos de montagem de carros e construtoras de navios — pode ser o equivalente sul coreano do cinturão da ferrugem (do inglês “Rust Belt“) em construção.

“A situação aqui poderia ser pior, visto que é tudo sobre a Hyundai e seus fornecedores”, diz Mo Jong-Ryn, professor de política econômica internacional na Yonsei University, em Seoul. “Não há alternativa”.

Escolas, lojas e carros da Hyundai

O empresário Chung Ju-yung fundou a Hyundai Motor em Ulsan em 1967 e, 6 anos depois, a Hyundai Heavy, transformando a pequena vila de pescadores conhecida pela caça de baleias em uma grande cidade operária.

Por décadas, pessoas em busca de trabalho buscaram a cidade, atraídos pelos altos salários, benefícios generosos e moradia subsidiada pela empresa.

O domínio da Hyundai ainda pode ser sentido. Trabalhadores utilizam o uniforme da empresa enquanto dirigem carros da Hyundai, compram nas lojas de departamento da montadora, moram em apartamentos subsidiados por ela e utilizam seus hospitais. As crianças são educadas em escolas e universidades da Hyundai.

Seguindo a queda, a Hyundai tem vendido ativos como dormitórios dos empregados e um grande complexo comunitário estrangeiro que utilizava para clientes como BP e Exxon Mobil e suas famílias, afirmam funcionários. Os complexos incluíam condomínios, um circuito de golfe, uma piscina e uma escola.

Um porta-voz disse que a Hyundai Heavy estava fazendo o máximo para “normalizar a empresa”, trabalhando junto de sindicatos para discutir a falta de empregos e uma força de trabalho estagnada.

Os problemas enfrentados pela Hyundai ecoam por toda Ulsan. A cidade foi responsável por 12% das exportações da Coreia do Sul no ano passado, o menor índice desde 2000 e abaixo do pico de 19% em 2008, de acordo com dados da aduana.

O número de suicídios na cidade também aumentou e agora é a maior taxa no país entre pessoas de 25 e 29 anos, segundo dados da Statistics Korea.

O hospital da Universidade de Ulsan registrou 182 tentativas de suicídio na primeira metade deste ano, comparado a 150 no ano passado, afirmou um funcionário do hospital. Motoristas de táxi foram orientados pela polícia a não levarem passageiros a uma ponte recém construída em Ulsan depois que três pessoas se mataram no local em apenas um mês.

“As pessoas acreditam que se eles trabalharem duro e se seus filhos estudarem muito, vão ter uma condição melhor”, lamenta Park Sang-hoon, funcionário do centro de prevenção ao suicídio de Ulsan. “Confrontando, agora, uma realidade diferente, parece que muitos estão perdendo totalmente a esperança e alguns chegam a tomar decisões extremas”.

DOMINANTE DOMESTICAMENTE, FALTA PRESENÇA INTERNACIONAL

Depois da perda massiva de empregos nas construtoras de navios, os trabalhadores da indústria automobilística temem que sua vez esteja chegando.

A Hyundai Moto já tem levado parte da produção para fora do país, e uma previsão interna obtida pela Reuters mostra que a produção doméstica está cotada a cair para 37% em 2018, valor bem inferior aos cerca de 80% de 2004.

Executivos afirmam que a ação é necessária por conta dos altos custos de mão de obra e os fortes sindicatos dos país.

Os trabalhadores, todavia, afirmam que muitos dos problemas da empresa foram criadas por ela própria, como falhar em prever o boom dos utilitários no mercado americano e perder a mudança para carros elétricos.

PARAÍSO PERDIDO

Isso significa ainda mais problemas para Ulsan e outros pólos de exportação. O presidente sul coreano, Moon Jae-in, designou a Ulsan e muitas outras cidades o status de “zonas de crise industrial” em maio, dedicando 1 trilhão de won (US$ 890 milhões) este ano para ajudar trabalhadores e fornecedores afetados e promover novas indústrias.

Moon diz afirma que a economia baseada em grandes conglomerados chegou ao limite. Sob uma nova política de “crescimento inovador”, Seoul está impulsionando investimento em células de combustível e carros autônomos, “fábricas inteligentes” e drones, assim como inteligência artificial.

No entanto, funcionários de longa data revelam não estarem sentindo os benefícios das ações.

Lee aprendeu a pintar e moldar para trabalhar com design de interiores, mas luta para conseguir um emprego porque o setor imobiliário também foi afetado.

Ha M.H., que veio para Ulsan em 1982, disse estar deixando a Hyundai Heavy ainda em agosto após 36 anos de empresa.

“Fiscais estrangeiros da Escócia e de outros lugares que trabalharam aqui nos bons tempos ainda chamam Ulsan de paraíso”, diz. “Todos meus amigos foram embora, eu sou o único que ficou”.

Fonte: O Globo






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