Inaugurado em 2012, em Araçatuba, interior de São Paulo, o Estaleiro Rio Tietê (ERT) prevê para as próximas semanas a entrega do primeiro comboio - formado por um empurrador e quatro barcaças -, do contrato de US$ 230 milhões assinado em 2010 com a Transpetro, braço logístico da Petrobras. A encomenda total soma 80 barcaças e 20 empurradores. Outros dois comboios estão previstos para ser entregues até o fim do ano.
Foram dois anos de atraso do cronograma inicial. De acordo com Rodrigo Andrade, diretor do ERT, houve problemas na construção do próprio estaleiro, iniciado em julho de 2011, que se deparou com desafios em relação às condições geomorfológicas da área não previstas nos estudos iniciais; seguido por ajustes no projeto e, até mesmo problemas na obtenção de licenças ambientais. As dificuldades colocaram, inclusive, a empresa na mira do Ministério Público.
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Outro entrave foi a capacitação de mão de obra, que não existia na região. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que São Paulo concentra apenas 21% das empresas de construção de obras portuárias, marítimas e fluviais, porém, concentrados na região do litoral. "O mercado naval é muito específico. Tivemos que capacitar em torno de 400 pessoas para começar os trabalhos", afirma Andrade.
A expectativa é grande em torno da entrega do primeiro comboio, uma vez que o contrato com a Transpetro prevê que os pagamentos serão feitos apenas após a entrega. "Recebemos por enquanto 5% do valor previsto. A empresa vem sendo mantida por recursos próprios dos sócios, que mostram total comprometimento com o estaleiro, além de empréstimos bancários", diz Andrade. O ERT é de propriedade dos sócios do Estaleiro Rio Maguari, em Belém.
A capacidade de produção projetada pelo ERT é de 12 mil toneladas por ano em processamento de aço e, atualmente, a Transpetro ocupa cerca de 75% deste total, nas três linhas de fabricação. O plano é que a quarta linha de produção seja voltada para atender aos novos clientes.
"No momento, o contrato da Transpetro continua sendo o carro-chefe do ERT. Mas desde o início das operações, fomos procurados por diversas empresas interessadas na construção de embarcações para o transporte de seus produtos pela Hidrovia Tietê-Paraná (HTP)", afirma.
Andrade vê boas perspectivas para o atendimento de organizações que necessitem de uma melhor logística de transporte de granéis e carga geral nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. "Há muitos investimentos em andamento para a ampliação da capacidade da HTP. Isso fará com que o volume transportado e, consequentemente, o volume construído de embarcações subam de forma significativa nos próximos anos."
Fonte: Valor Econômico\Regiane de Oliveira | Para o Valor, de São Paulo