DO RIO - A perda do grau de investimento da Petrobras aprofundará a paralisia que o setor de óleo e gás vive atualmente, pois levará a estatal a segurar projetos, reduzir o ritmo de obras e postergar decisões.
É que, segundo executivos, a empresa terá um custo de captação mais alto num momento em que sua geração de caixa é insuficiente.
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Sem apresentar balanço auditado, a estatal pode ter suas dívidas cobradas de uma só vez. Por isso, sua estratégia é preservar seu caixa para essa eventualidade.
Com isso, ela já pisou no freio em vários projetos, como o Comperj e a refinaria de Abreu e Lima (PE). A tendência deve se aprofundar.
"Vai piorar ainda mais, e a cadeia se fornecedores da Petrobras será a mais afetada com o adiamento e o represamento dos investimentos", afirma Álvaro Teixeira, consultor do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo).
Os fornecedores, diz o especialista, já sentem os reflexos do adiamento de projetos e poderão sofrer ainda mais se a empresa tiver dificuldades para captar recursos especialmente no exterior, o que deve acontecer.
Segundo dois executivos que falaram sob anonimato, a estatal já sinalizou menores investimentos até conseguir recompor seu caixa e resolver a questão do balanço. Agora, sem o selo de bom pagador, a expectativa é pior.
Um dos únicos pontos favoráveis, dizem, é o aumento da produção de petróleo, que tem o potencial de injetar recursos no caixa. Outro fator consiste no câmbio, que tem ajudado a companhia a vender seus produtos acima dos praticados no exterior.
Fonte: Folha de São Paulo