Fortaleza poderia arrecadar 400% mais em royalties de petróleo caso  entrasse em vigor a alteração na partilha aprovada pelo Congresso  Nacional, de acordo com simulações feitas pela Confederação Nacional dos  Municípios (CNM). Isso significa que a capital cearense passaria dos  atuais R$ 14,06 milhões recebidos ao ano para R$ 70,40 milhões  referentes aos royalties (percentagem dos recursos obtidos com o  produto) do pré-sal .
 
 Em alguns municípios do Ceará, como em Quixadá (a 158 km de Fortaleza),  essa variação poderia chegar a 956%. Ainda de acordo com estimativas da  CNM, os 184 municípios cearenses receberiam R$ 290,07 milhões a mais  (414% superior) e o Estado do Ceará, R$ 483,10 milhões extras.
 
 Entre as dez cidades que mais receberiam royalties estão ainda Juazeiro  do Norte, Caucaia, Sobral, Crato, Maranguape, Iguatu, Quixadá,  Quixeramobim e Canindé.
 
 A economia cearense contaria assim com R$ 773 milhões a mais por ano. O  valor ultrapassa o que deve ser destinado à refinaria Premium II em  2011. A diferença em royalties representa 125% a mais do previsto no  orçamento para a refinaria, que deverá contar com R$ 342,73 milhões no  próximo ano.
 
 Com uma possível nova partilha, o montante estimado pela CMN que seria  destinado a mais para o Estado e para os municípios cearenses equivale a  quase um quarto (24,15%) dos repasses feitos pelo Fundo de Participação  dos Municípios (FPM) no Ceará ao final de 2010 (previsto em R$ 3,2  bilhões).
 
 Com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que vetará  o projeto de lei que altera a partilha, a CNM pretende continuar a  mobilização em defesa da proposta. "Se ocorrer o veto, tentaremos  derrubá-lo. O que não pode é continuar essa riqueza, que é da nação,  concentrada em dois estados e 29 municípios", diz o presidente da  Confederação, Paulo Ziulkoski. Estados como Rio de Janeiro, Espírito  Santo e Sergipe teriam perdas.
 
 Ceará
 
 A presidente da Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará  (Aprece), Eliene Brasileiro, defende a aprovação imediata do projeto  que prevê a nova repartição dos recursos provenientes do petróleo. "É  preciso diminuir essa injustiça do pacto federativo. Os municípios hoje  têm déficit enorme em relação à saúde", critica.
 
 A defesa feita pelo consultor econômico-financeiro de municípios no  Ceará, Irineu Carvalho, é de que essa eventual receita extra precisaria  ter uma destinação específica.
 
 "Os recursos do pré-sal deveriam ter alguma vinculação. A área de saúde é  a que os municípios têm mais dificuldades. Mesmo para a educação, os  recursos que vêm hoje não são suficientes para garantir escolas de  qualidade", explica Irineu.
 
 Disposição
 
 "Se ocorrer veto, tentaremos derrubá-lo. Essa riqueza não pode ficar concentrada"
 
 Paulo Ziulkoski
 Presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM)
 
 PRODUTORES RECLAMAM
 
 Lula reforça que vetará projeto hoje
 
 Pelo marco regulatório aprovado na Câmara, foram criados modelo de produção e nova distribuição de royalties
 
 Rio de Janeiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que  vetará hoje a mudança na distribuição dos royalties de petróleo da  camada pré-sal, aprovada no Congresso Nacional, e vai enviar um projeto  de lei para regulamentar a divisão.
 
 "Eu vou vetar e vou mandar para o Congresso um projeto de lei  restituindo o acordo que firmamos naquele período para que as pessoas  percebam que queremos que todos os Estados ganhem com o petróleo, mas  que os Estados produtores possam ganhar um pouco mais", disse. O  presidente participou de testes do teleférico do Complexo do Alemão,  zona norte do Rio, parte da obra do Programa de Aceleração do  Crescimento (PAC) na região.
 
 Pelo marco regulatório aprovado pela Câmara, foi estipulado um novo  modelo de produção para áreas estratégicas- e foi criado um novo sistema  de distribuição de royalties que beneficia todos os Estados,  desagradando os produtores. Governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e  Espírito Santo, reclamam que perderiam arrecadação.
 
 "É a compensação que eu acho que os Estados produtores merecem. E vou  fazer isso tranquilamente, o Congresso já está comunicado que eu vou  fazer isso, os relatores já estão comunicados, a companheira presidenta  Dilma (Rousseff) concorda com isso e isso será feito amanhã (hoje)",  afirmou Lula.
 
 Negociação
 
 Com o veto, a presidente eleita terá que fazer nova negociação com os  Estados para criar um novo sistema de distribuição de royalties. O marco  regulatório muda a lógica de concessão dos poços. Os campos em águas  ultraprofundas serão concedidos para os investidores que oferecerem a  maior parte do óleo extraído para a União.
 
 Hoje, a União vende os campos para quem fizer a melhor oferta em  dinheiro (bônus de assinatura) pelo direito de explorá-los, em regime de  concessão. O governo resolveu mudar as regras depois que a Petrobras  fez descobertas de grandes campos na camada pré-sal.
 
 Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CRISTIANE BONFIM
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