Fonte: Valor Econômico/André Ramalho | Do Rio
Depois de viver um de seus momentos mais fracos neste início de ano, as atividades de exploração de óleo e gás devem começar a se recuperar a partir deste segundo semestre. Essa é a avaliação de Ricardo Savini, presidente da Georadar, empresa brasileira de sísmica que, depois de ver seu faturamento despencar ao longo dos últimos anos, tenta se reestruturar para a retomada do crescimento da demanda ainda este ano.
Fundada em 1999 como uma startup na Universidade de São Paulo (USP), a Georadar atraiu o interesse de investidores e chegou a captar R$ 260 milhões de fundos geridos por Angra Partners, Grupo Espírito Santo e Banco Modal e a traçar uma meta de faturar R$ 1,2 bilhão em 2015. Com 70% de suas receitas atreladas ao óleo e gás, contudo, a empresa sentiu os efeitos do intervalo de cinco anos sem leilões de blocos exploratórios, entre 2008 e 2013, e viu sua trajetória de crescimento interrompida.
O faturamento da companhia, que chegou a atingir os R$ 600 milhões em 2012, minguou para cerca de R$ 140 milhões no ano passado e a empresa teve de reavaliar seu plano de negócios e buscar credores para renegociar dívidas.
Segundo Savini, o primeiro semestre foi um dos momentos mais críticos dos últimos anos para os fornecedores que atuam na área de exploração, sobretudo em terra. Desde o fim do ano passado, apenas um contrato de sísmica onshore foi assinado no mercado. E a Georadar ficou com o contrato para sísmica na Bacia do Recôncavo, para a Imetame.
Savini acredita, no entanto, que o segundo semestre promete ser mais movimentado. "A Petrobras lançou três licitações, a ANP também está contratando e algumas outras operadoras estão nos consultando. Percebemos que as empresas começam a se movimentar", destacou o executivo, em referência à intensificação da exploração em blocos da 11ª e 12ª rodadas, de 2013. "Nossa expectativa é que 2016 seja um ano tão ativo quanto 2012 e esperamos voltar a faturamentos superiores a R$ 400 milhões", completou.
Para se preparar para a retomada das encomendas, a Georadar está se reposicionando. Entre as premissas do novo plano estratégico da empresa está sua internacionalização, o lançamento de novos serviços e a redução do investimento na Geonavegação, divisão de navios de apoio.
Dentro de sua estratégia de internacionalização, a Georadar se associou à canadense Energold, de serviços de perfuração, com o objetivo de acessar mercados onde sua parceira já atua, com foco na América Latina. "A internacionalização surge como estratégia de mitigação do risco dos ciclos de um mercado único", explicou.
Já na área de afretamento de barcos de apoio, a empresa possui cinco contratos com a Petrobras, mas tenta cancelar três deles, para reduzir investimentos na construção e diminuir sua alavancagem. "A Petrobras tem dispensado uma série de barcos de apoio. Como eles querem reduzir custos operativos, faz sentido eventualmente cancelar contratos", disse Savini.
A Georadar também está revendo sua carteira de serviços. A companhia vendeu sua divisão de sísmica marítima e prepara o lançamento de novos serviços, como o de análises geológicas de rocha durante perfuração de poços, em sociedade com a chinesa Shenkai.
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