O governo e os bancos nacionais pressionam para evitar que uma eventual recuperação judicial da OGX se espalhe pelo grupo do empresário Eike Batista e obrigue também a OSX, empresa de serviços e construção naval, e até a mineradora MMX a buscar o mesmo processo, apurou a Folha.
Eike Batista pedirá dinheiro novo a credor para evitar a recuperação judicial
O objetivo de restringir a recuperação judicial à OGX é limitar perdas dos bancos públicos e privados nacionais.
A OGX tem poucas dívidas de curto prazo e a maior parte do seu endividamento está concentrada nos detentores de US$ 3,6 bilhões em títulos no exterior.
Já a exposição de BNDES, Caixa, Bradesco, Itaú e BTG em companhias como OSX e MMX é expressiva.
Em outubro, vencem empréstimos de Caixa e BNDES para a OSX que somam quase US$ 1 bilhão. O Itaú BBA também concedeu um empréstimo de R$ 309 milhões para o estaleiro.
A MMX não divulga a dívida por banco, mas, segundo a Folha apurou, recebeu empréstimos de BNDES e Caixa.
A expectativa é que Eike venda a MMX e injete mais dinheiro na OSX, evitando dar calote nos bancos nacionais.
O empresário já vem beneficiando a OSX em detrimento da OGX. Ele injetou US$ 500 milhões no estaleiro -metade em fevereiro deste ano-, mas se recusa a cumprir a promessa de fazer o mesmo na petroleira.
A OSX, no entanto, é muito sensível ao que ocorre na OGX, seu principal cliente. O estaleiro foi criado para atender à demanda da OGX em sua campanha exploratória, que se mostrou fracassada.
O eventual processo de recuperação judicial da OGX faria com que fossem suspensos os poucos contratos de aluguel ainda devidos à OSX, o que aprofundaria ainda mais sua crise financeira.
Em relação à MMX, a expectativa é que a venda da companhia evite a recuperação judicial, apesar da dificuldade da empresa para tocar seus investimentos. Isso porque os possíveis compradores se comprometeram a assumir as dívidas.
Segundo apurou a Folha, as propostas para a compra da MMX começaram a chegar nesta semana, e a expectativa é que um acordo seja finalizado em breve.
As ofertas na mesa hoje são da Glencore e de um consórcio formado por Trafigura e o fundo Mubadala, de Abu Dabhi. A proposta mais interessante é da Trafigura/Mubadala porque envolve injeção de dinheiro novo.
Vale, Gerdau, CSN e Usiminas (sócias na MRS) também estão interessadas no porto do Sudeste, o principal ativo da MMX. Procuradas, OSX, MMX e os bancos não comentaram.
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Fonte: Folha de São Paulo/RENATA AGOSTINI/DE BRASÍLIA/RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO