A direção da HRT Petróleo decidiu cortar na própria carne e reduziu seus salários em 25%, como parte de um plano para adequar os custos à nova realidade da companhia a partir do terceiro trimestre deste ano. Em dificuldades após o fracasso em atividades exploratórias na Namíbia, a petroleira apresentou uma série de medidas para reduzir os gastos administrativos, que inclui fechamento de vagas na diretoria e no conselho de administração, demissões e devolução de salas comerciais. Segundo o presidente da empresa, Milton Franke, a redução dos salários dos diretores é parte de um "esforço conjunto em prol do futuro da companhia."
O corte de salários de executivos foi adotado após a crise de 2008 por diversas empresas, entre elas a montadora norte-americana GM e as principais mineradoras mundiais, que sofreram de forma mais intensa os impactos da queda de demanda. No caso da HRT, a medida faz parte de um processo de adequação do tamanho da empresa chamado por seus executivos de "rightsizing", que inclui a revisão do quadro de empregados. Em 2011, a companhia tinha 600 colaboradores. Ao fim do terceiro trimestre de 2013, eram 232. A meta é fechar 2013 com apenas 150.
A redução no número de trabalhadores fez com que a petroleira devolvesse quatro dos seis andares de sua sede, em Copacabana, zona sul do Rio. "Medidas de reestruturação como essa também serão aplicadas em nossos escritórios no exterior e anunciadas oportunamente", informou a companhia, ao divulgar o balanço do terceiro trimestre de 2013, no fim da semana passada. Além do Brasil, a HRT tem bases no Canadá, nos Estados Unidos, na Holanda e na Namíbia. Franke informa que o programa de redução de custos já garantiu uma economia de 51% nos gastos administrativos.
Os altos salários dos administradores, pagos sob a justificativa de reter pessoal, eram um foco de críticas à empresa, que ainda não produz uma gota de petróleo. Segundo ata de assembleia realizada em abril, a remuneração da direção da HRT em 2012 chegou a R$ 23,4 milhões, divididos entre 5 diretores - uma média de 4,7 milhões por executivo. Desse total, 25% foram pagos em ações da companhia. Para 2013, estava previsto um teto de R$ 27,9 milhões. Questionado sobre a reação dos executivos à medida, Franke informou que "trata-se de um ajuste introduzido pelos próprios administradores que acreditam na companhia e, portanto, foi bem recebido".
O número de vagas na diretoria também foi reduzido, de cinco para três. Em assembleia marcada para janeiro de 2014, a empresa deve aprovar ainda a eliminação de quatro vagas em seu conselho, que passará a ter sete assentos. "Desde o segundo trimestre de 2013, temos concentrado nossos esforços na adequação da HRT de forma a torná-la mais enxuta, mais eficiente e menos onerosa", afirma o presidente da companhia.
Franke confirmou avanços no plano de reestruturação da empresa, com negociações para a venda de fatia nos blocos exploratórios da bacia do Solimões e da Namíbia. Além disso, a empresa espera para breve a aprovação da compra de 60% do campo de Polvo, na Bacia de Campos, que lhe garantirá geração de caixa a partir da venda de parte do petróleo produzido na área. Segundo o executivo, já existem negociações com interessados na compra de participação nos blocos exploratórios.
"Construímos os bancos de dados, firmamos termos de sigilo e recebemos empresas para discussões técnicas. Buscamos parceiros estratégicos com o objetivo de reduzir nossas participações no Solimões e na Namíbia e diluir inerentes riscos operacionais", diz, adiantando que a empresa pretende buscar caixa para novas aquisições de projetos em produção.
ARROCHO
R$ 44,3 mi: Proposta de remuneração dos administradores da companhia em 2013, incluindo diretores e conselheiros, aprovada em assembleia realizada em abril.
25%: Corte de salários de diretores aprovado pelo conselho de administração da empresa. Diretoria e conselho terão menos assentos.
Fonte:Brsil Econômico/Nicola Pamplona
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