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Navalshore

Incentivo para novas bases ‘offshore’



Contratação de berços pela Petrobras e oportunidades na margem equatorial estimulam projetos >> O mercado de bases de apoio offshore está aquecido no Sudeste com milhões de investimentos previstos e a entrada em operação de novas unidades no Rio de Janeiro e Espírito Santo já nos próximos dois anos. Os projetos greenfield e instalações em expansão são importantes para ampliar a quantidade de vagas nos terminais utilizados pelas operadoras e barcos de apoio marítimo. Os empreendedores também estão na expectativa do resultado da licitação de oito berços pela Petrobras e atentos a oportunidades na margem equatorial, onde outras empresas devem demandar serviços logísticos a partir de 2016.

 


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As licitações em andamento têm como objetivo a contratação de seis berços de atracação no norte fluminense ou no sul do Espírito Santo para complementar o atendimento às bacias de Campos e Espírito Santo, além de dois berços na região de Santos para atender à Bacia de Santos. A Petrobras informa que a assinatura dos contratos dos dois berços em Santos está prevista para ocorrer até o final de 2014. Já a assinatura dos outros seis berços está prevista para janeiro de 2015.

De acordo com a companhia, o primeiro berço de atracação em Santos tem previsão para entrar em operação no segundo semestre de 2015. A segunda unidade deve iniciar suas atividades no segundo semestre de 2016.Nos espaços contratados, a estatal fará carregamento e descarregamento de suprimentos para as plataformas da Bacia de Santos, que estão distantes cerca de 300 quilômetros da costa. A operação será em esquema 24 horas por dia, sete dias por semana.

A expectativa do mercado é que a demanda cresça, na medida em que os blocos da Bacia de Santos forem se desenvolvendo. O radar do setor abrange extrações no campo de Libra e nos blocos da cessão onerosa. As empresas apostam no aumento da demanda da Petrobras, que já carece de novas bases de apoio. Um exemplo é o porto de Imbetiba, em Macaé (RJ), que há alguns anos está com sua utilização acima da capacidade.

Procurada pela Portos e Navios, a Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as bases de apoio logístico utilizadas atualmente pela companhia atendem às demandas existentes. De acordo com a estatal, a expansão de sua capacidade logística considera o crescimento da produção offshore e o aumento do número de embarcações de apoio marítimo previstos em seu plano de negócios e gestão 2014-2018. “Para essas licitações, foram identificados diversos interessados em fornecer a infraestrutura adicional e os serviços logísticos que a Petrobras necessitará, não havendo razões para sinal de alerta”, respondeu a companhia.

A Petrobras não descarta que, após a análise do plano de negócios 2015-2019, novas necessidades de aumento de capacidade portuária surjam dentro e fora do Sudeste. A empresa ressalta que essa possibilidade não é motivo de preocupação. Para a licitação em andamento, foram convidados pela Petrobras mais de uma dezena de operadores logísticos brasileiros e estrangeiros com experiência e porte compatível com a operação simultânea de até seis berços de apoio ‘offshore’.

A Brasco, do grupo Wilson Sons, enxerga oportunidades até 2020 e horizonte operacional nas próximas décadas. Representantes da empresa estiveram em Santos e a Brasco está disposta a oferecer proposta na licitação de novos berços. “Estamos atentos. Santos vai ser um programa de longa duração. A Petrobras sinaliza contratos de cinco anos, renováveis por mais cinco”, afirma o diretor executivo da Brasco, Gilberto Cardarelli.

A Brasco pretende disponibilizar para operação cinco novos berços de sua base no bairro do Caju, no Rio de Janeiro (RJ), até junho de 2015. Atualmente, a base possui um berço em operação para a OGPar e atracações spot. A empresa também possui três berços em operação na base de Niterói (RJ). Cardarelli diz que a empresa está direcionando investimentos para base do Caju. Ele destaca a posição estratégica da Brasco em relação à bacia de Santos e sul da bacia de Campos, além da flexibilidade para movimentação de cargas.

A Edison Chouest também está atenta às futuras concorrências da Petrobras para contratação de novos berços. Recentemente, a empresa norte-americana anunciou que vai investir R$ 950 milhões na construção de uma base de apoio offshore no Porto de Açu, no norte do Rio de Janeiro. A expectativa é que a base offshore comece a operar no início de 2015. “Já temos 50 metros de cais construídos e iniciamos a construção da primeira fase que consiste em oito berços”, conta o diretor da Edison Chouest, Ricardo Chagas.

Ele esclarece que a base no Porto do Açu está nos planos da empresa, independente do resultado da licitação. Em abril, o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) concedeu a licença de instalação da base logística C-Port Brasil, que a Edison Chouest pretende construir em Itapemirim, no sul do Espírito Santo. As operações devem ter início em 2016.

O diretor de portos da Queiroz Galvão, José Roberto Correia Serra, afirma que a empresa está atenta às novas contratações de berços para Petrobras. Ele revela interesse da empresa em oferecer instalações especializadas. “Estaremos aptos a participar disso tão logo a Petrobras lance essas licitações”, afirmou. Com 75% de participação, a Queiroz Galvão é a principal sócia de um projeto de base dedicado exclusivamente ao apoio offshore, que tem ainda participação da Albar Logistics e do grupo Meira Lins.

Serra disse que a Queiroz Galvão busca um parceiro operacional, visando à excelência de atracação de barcos de apoio e produtividade. “Teremos um parceiro operacional dentro desse terminal de capacidade reconhecida, inclusive internacionalmente. Vamos fazer junção da excelência de infraestrutura e procedimentos, da oferta de infraestrutura qualificada e operações diferenciadas”, projeta.

O terminal portuário de Macaé (Tepor) terá 14 berços de atracação convencionais, para atracação de barcos de apoio, além de um berço dedicado a cargas de projeto. A capacidade projetada para o terminal da Queiroz Galvão é de quatro milhões de toneladas por ano. A previsão é que o terminal registre 32 atracações por dia.

O projeto do Tepor prevê um quebra-mar a 1,6 mil metros da linha de costa, com uma plataforma operacional de 90 mil metros quadrados, com área para estocagem e descarregamento. O terminal será alfandegado e o espaço retroportuário terá oferta de 400 mil metros quadrados para atividades de pátio. “A estrutura de importação e exportação facilitará a atração de empresas internacionais para toda sua retroárea, habilitando o terminal a fazer toda comercialização e desembaraço aduaneiro dessas mercadorias”, destaca Serra.

O terminal vai disponibilizar ainda estruturas para tancagem de diesel e para fornecimento de água. A unidade foi projetada para operar sem interrupções causadas por questões atmosféricas. Por isso, a estrutura terá parte das docas cobertas com pontes rolantes para aumentar a velocidade das operações.

A Itaoca Offshore espera iniciar até novembro a construção de sua base logística. No início de agosto, a Itaoca recebeu a licença de instalação para construção de seu terminal marítimo de apoio offshore no município de Itapemirim, no sul do Espírito Santo. A localização do empreendimento permitirá à Itaoca atender à demanda de empresas que operam nas bacias de Campos e do Espírito Santo. O diretor de operações da Itaoca Offshore, Álvaro de Oliveira Júnior, diz que as obras devem começar no final de outubro.

O terminal terá 600 mil metros quadrados de área continental, além de 230 metros de cais e 11 berços de atracação. A área de embarque offshore terá 40 mil metros quadrados, com profundidade natural de 9,5 metros. O custo do projeto é da ordem de R$ 450 milhões, sendo que de 30% a 40% desse total devem ser provenientes de parcerias com investidores privados e o restante financiado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e à Caixa Econômica Federal.

Em maio de 2014, a Imetame Metalmecânica recebeu licença de instalação para projeto de uma base logística no município de Aracruz (ES). A expectativa da empresa é iniciar as obras em 2015 e as primeiras operações em 2016. O projeto surgiu em 2009 como estratégia para ampliar a prestação de serviços para indústria de óleo e gás, aproveitando que a unidade industrial da Imetame está localizada a apenas 20 quilômetros da costa. A empresa atua no mercado de montagens e manutenções mecânicas, sobretudo para a indústria de celulose, mineração e siderurgia.

Os investimentos para a nova base são da ordem de R$ 300 milhões. A Imetame está em processo de captação e prevê composição de recursos próprios, acionistas industriais e financiamento de longo prazo. A área total licenciada para o empreendimento é de 550 mil metros quadrados, contando com três berços de atracação e seis baias para embarcações de apoio offshore. O projeto deve abrir vagas de trabalho para cerca de 160 colaboradores, podendo ser aumentado quando houver contratos de montagem.

Para o diretor da Imetame Logística, Áureo Leal, as oportunidades envolvem desde a construção e manutenção de módulos e plataformas até a prestação de serviços de armazenagem e movimentação de materiais, projetos de tancagem, disponibilização de áreas e atuação como base de apoio à operação offshore. Ele acredita que o diferencial do terminal da Imetame será montar instalações portuárias com serviços além da base de apoio, como a fabricação e manutenção de estruturas, além de contar com a unidade fabril próxima do local de carregamento.

Leal ressalta que a própria entrada no mercado é um desafio, já que os empreendedores que estiverem em condições de oferecer os serviços mais cedo estarão em vantagem. Outras questões a serem resolvidas envolvem o projeto de engenharia do terminal e seus equipamentos, as condições de acesso marítimo e terrestre e a disponibilidade de retroárea.

Ele acrescenta que disponibilizar profissionais qualificados e comprometidos é o maior desafio de qualquer empreendedor. “Haverá demanda proveniente da Petrobras e de outras operadoras, porém o mercado deverá oferecer muitas alternativas, de modo que sobreviverão aqueles projetos que possam se diferenciar pela produtividade, baixo custo operacional e nível adequado de qualidade”, aposta Leal, da Imetame Logística.

Estudos feitos pela Queiroz Galvão desde 2011 identificaram o crescimento da demanda por bases de apoio offshore, para atendimento do pré-sal e para aumentar a oferta desse tipo de instalação especializada. “O Brasil carece demais dessa estrutura de bases de apoio offshore. Com o crescimento da prospecção de petróleo e já com o pré-sal uma realidade, foram identificados grandes demandas operacionais de bases de apoio desde o Espírito Santo até a bacia de Campos”, observa Serra.

A GE O&G inaugurou em janeiro uma base logística em Niterói (RJ) para atender ao setor de petróleo e gás. Com área de 55 mil metros quadrados e investimentos da ordem de US$ 100 milhões, a base tem como foco carregar e descarregar navios instaladores, que transportam equipamentos pesados e visam a mobilização e a manutenção de poços de petróleo. A base da GE conta com um guindaste do tipo grua, com capacidade de 320 toneladas, que custou US$ 7 milhões e tem 42 metros de altura.

A base atende à Petrobras, um dos principais clientes da companhia no Brasil. “O potencial do mercado de petróleo brasileiro demanda inovações. É importante para nós que ganhemos cada vez mais eficiência no Brasil, fortalecendo nossa presença e capacidade de atender às demandas da crescente indústria local”, afirma o CEO da GE Oil & Gas para América Latina, João Geraldo Ferreira, durante a inauguração.

A nova base está posicionada perto de prestadores de serviços e junto à fábrica da Wellstream em Niterói. Essa unidade GE é fornecedora para a Petrobras e para outras operadoras no Brasil, com alta qualidade e produtos de linhas flexíveis para o transporte de petróleo e gás submarinos. A base fica também estrategicamente localizada nas proximidades da Bacia de Santos, na área do pré-sal brasileiro.

As empresas dizem que a Lei dos Portos (12.815/2013) facilitou a implantação das bases, que são classificadas como terminais de uso privado (TUP) pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Apesar de as novas regras permitirem que os TUP movimentem carga própria e de terceiros, a futura base da Queiroz Galvão em Macaé (RJ) será especializada em operações offshore.

A empresa ?diz que o projeto pretende oferecer infraestruturas especializadas para o mercado. “Não faremos outras operações que não sejam do mercado offshore”, afirma Serra. O projeto já passou por duas audiências públicas e aguarda a licença prévia para iniciar as obras em 2015. A previsão da Queiroz Galvão é iniciar a operação até o início de 2017.

Ele destaca que Macaé possui vocação de quase 40 anos de atividade de apoio offshore, além de ser uma área localizada em pontos de infraestrutura estratégica para o desenvolvimento de projetos dessa natureza. “Nossa proposta é ser uma alternativa para essa atividade que hoje já está congestionada naquela região, sob ponto de vista de oferta de berços — já que Imbetiba só tem seis berços”, projeta Serra. Ele acrescenta a possibilidade de conectividade ao parque de tubos da Petrobras através da retroárea do terminal.

Há alguns anos, parte da demanda de serviços de apoio em Macaé é absorvida pelo porto do Forno, em Arraial do Cabo (RJ). A Stocus Service está animada com as operações no porto do norte fluminense. Com um ano de operação, a empresa já operou cargas para empresas como a Schahin, Nobel e Ocean Rig. O gerente comercial da Stocus, Bruno Schmidt, conta que a demanda se intensificou nos últimos quatros meses, com a movimentação de cargas risers— tubos que fazem a ligação entre os poços de petróleo, no fundo do mar, e as plataformas ou navios, na superfície. “Estamos confiantes com esse mercado, já temos operações programadas para os próximos meses”, comemora.

O aluguel de 255,2 mil metros quadrados do porto da Prumo prevê que a Edison Chouest instalará uma base de apoio logístico offshore e estaleiro de reparos navais para suas próprias embarcações no Porto do Açu. O contrato assinado entre as duas empresas vale pelo período de 15 anos, renováveis por mais três períodos de cinco anos.

De acordo com a Prumo Logística, o cais de 440 metros terá capacidade para 12 berços. A Edison Chouest possui a possibilidade de aumentar em 220 metros o cais em até 12 meses e mais 220 metros em até 18 meses, podendo dobrar sua capacidade e atingir 880 metros de cais, com capacidade para 18 embarcações, e uma área de até 510,4 milímetros quadrados.

A unidade deve começar a operar no início de 2015. No total, serão gerados 900 empregos na base. “A instalação desta base no porto do Açu é essencial para o plano de expansão da Edison Chouest no Brasil. Ela permitirá atender não somente aos atuais clientes, mas também possibilita a expansão para atender aos novos contratos que estão em negociação”, disse Chagas.

A Edison Chouest utiliza o conceito de darsenas que permite realizar, em seis horas, operações simultâneas de convés e tanques ao mesmo tempo. Chagas explica que essas operações são protegidas das condições climáticas. “O método operacional através de pontes rolantes diminui o potencial de acidentes e acredito que as empresas de petróleo atentem bastante a esse detalhe”, destaca Chagas.

O Brasil é o segundo mercado da Edison Chouest e responsável por 30% de seu faturamento global. A empresa pretende manter os investimentos no estaleiro Navship (SC), onde projeta atingir oito entregas de barcos de apoio por ano, ante os seis atuais. A Edison Chouest observa que o país ainda é bastante carente no quesito base offshore. “Hoje, as bases existentes não suprem a demanda. Por isso, decidimos investir num ‘hipermercado’, onde uma empresa poderá encontrar em um único local todos os ingredientes para que uma embarcação não fique esperando tanto tempo para carregar e descarregar”, afirma Chagas.

Atualmente, o grupo possui 75 embarcações de apoio offshore em operação no Brasil. O estaleiro Navship constrói embarcações apenas para sua empresa matriz. Nos Estados Unidos, principal mercado da Edison Chouest, o grupo tem como clientes empresas como Shell, Total, Statoil, Chevron, BP e Petrobras.

Chagas avalia que a carência de logística abre espaço para novos players. “Existem alguns concorrentes e alguns aventureiros. Acho que há lugar para todos, dado a falta de infraestrutura nesse segmento”, analisa. Além dos projetos no Sudeste, a empresa pretende atender algumas operadoras em São Luís (MA), na chamada margem equatorial. “Estamos nos preparando para as operadoras que irão operar daquela região”, conta Chagas.

A Brasco também está atenta às campanhas exploratórias na margem equatorial. Cardarelli explica que esse mercado requer bases temporárias no Norte do país em operações de duração mais curta. “Para nós, [a margem equatorial] é muito estratégico marcar presença nessa fase de exploração”, analisa. A expectativa do mercado é que as perfurações na margem equatorial ocorram em 2016.






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