Empresa de infraestrutura, em processo de reconciliação com o mercado, realiza melhoras na estrutura. Mas seu prejuízo anual mostra que o lado operacional perdeu força.
A Inepar anunciou novos passos em seu processo de reestruturação financeira. Mas seu lado operacional mostrou um retrocesso, o que eleva preocupações com a empresa.
A IAP, controladora da Inepar, transferiu à companhia a participação de 50% que detinha na Companhia Brasileira de Diques (CBD). Como pagamento, a controladora recebeu títulos de dívida pública federal que estavam nas mãos da Inepar.
A CBD é dona do Estaleiro Inhaúma, hoje com 80% da capacidade arrendada para a Petrobras, por 20 anos.
"Esse é um negócio que melhora o operacional da empresa, pois o estaleiro acrescenta geração de caixa", afirmou Dionísio Leles, diretor de relações com investidores da companhia.
Além disso, a troca era uma das exigências dos acionistas minoritários da companhia, que veem como positiva a troca de títulos de dívida por um ativo operacional.
Segundo Marcos Elias, sócio e analista chefe da Empiricus Research, a operação também livra a companhia da possibilidade de sofrer uma investigação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Ele acredita que a autarquia poderia considerar uma irregularidade a controladora da Inepar possuir participação em outra empresa que atua no mesmo setor.
"É dever legal do acionista controlador concentrar todos os esforços dentro dos veículos listados em bolsa", diz.
Os avanços na reestruturação da empresa, entretanto, são contrabalançados por um pior resultado operacional. A empresa divulgou seu resultado anual na segunda-feira (2/4).
"O ano de 2011 não foi muito profícuo, e todo o setor de petróleo e gás foi afetado", diz Leles.
A Inepar sofreu prejuízo de R$ 5,993 milhões em 2011, frente a um lucro de R$ 44,2 milhões no ano anterior. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou de R$ 89,4 milhões em 2010 para R$ 47,1 milhões em 2011.
"É um retrocesso incrível, em uma empresa que vinha em crescimento constante", diz Elias. "Estou menos otimista com a Inepar."
O motivo foi a parada de contratações de pedidos da Petrobras. A carteira de pedidos da Inepar caiu 11%, para R$ 3,2 bilhões. A maior parte das encomendas da carteira representa os pedidos à Iesa, subsidiária que fornece equipamentos para a indústria petrolífera.
"Acreditamos que, com a mudança no comando da Petrobras, os investimentos serão retomados", diz Leles.
Pendências
A transferência dos ativos da controladora, iniciada no ano passado, é parte de uma longa reestruturação que ainda deixa pendências com o mercado.
A empresa ainda pretende abater parte da dívida que possui com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), transferindo a fatia que detém na Centrais Elétricas Matogrossense (Cemat).
A Inepar era uma blue chip nos anos 1990 e ficou próxima da falência na década passada. Nessa época, recorreu a diversos empréstimos do banco de fomento e a aumentos de capital.
A empresa possui dívidas em default há mais de 10 anos, e por isso não está autorizada a pagar dividendos aos acionistas.
Nos últimos anos, contudo, a empresa passou a ter lucros, sobretudo com a maior demanda da indústria petrolífera.
Fonte: Brasil Econômico/Felipe Peroni
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