Está adiada a resolução de um dos maiores mistérios com potencial para alterar o quadro econômico do Estado. A Petrobras cancelou a perfuração de dois poços no Litoral Sul que pode indicar se há ou não presença de jazidas de petróleo ou gás e seu potencial de extração e geração de riqueza. A demora na emissão de licença ambiental pelo Ibama frustrou o plano inicial, que chegou a ser anunciado, de começar os testes até o fim deste ano. A chance de ocorrerem os testes em 2014 depende do aval ambiental e da disponibilidade da sonda que fará a investigação em profundidade de até 7,2 mil metros.
O investimento previsto em toda a operação, desde que a companhia se habilitou a fazer o estudo junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP), ficará entre US$ 130 milhões e US$ 140 milhões. A perfuração é considerada uma das mais complexas dos projetos de tentativa de descoberta da estatal. Segundo o gerente-geral das bacias de Santos e Pelotas da companhia, Jeferson Luiz Dias, o alcance do estudo e o elevado custo se comparam a casos na bacia de Santos. “A profundidade é comparável a poucos poços de Santos”, indicou.
Em 2001, ocorreu a última perfuração de poço na Bacia de Pelotas, mas sem nenhum achado. Sobre novas chances, Dias admitiu que o projeto “é de alto risco, mas se encontra (petróleo) é de alto prêmio”. A taxa média de sucesso mundial dos estudos para verificar a existência de jazidas varia de 20% a 30%, acrescentou. O gerente-geral das bacias de Santos e Pelotas descartou, ontem, em audiência da Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, que antes de 2014 os trabalhos possam ocorrer. Além da licença do órgão ambiental, será preciso que a sonda SS-46 esteja livre.
Em setembro e neste mês, o equipamento gigante chegou a ser reservado à operação nos mares do sul, mas não havia a liberação do Ibama. Com isso, a sonda acabou deslocada para outra perfuração no Sudeste. O instituto prometeu entregar amanhã a análise sobre os resultados da audiência pública ocorrida em julho, em Rio Grande, considerada um dos últimos passos para o veredicto do órgão. “O Ibama pode emitir parecer ou solicitar mais esclarecimentos”, pontuou Dias.
Se a manifestação for positiva, encerrando o processo ambiental, o diretor da estatal projeta que poderá começar o estudo entre cinco e sete meses. Somente o deslocamento do equipamento leva um mês. Dias lembrou que se a liberação ocorrer no período do inverno, as condições do clima podem dificultar o percurso até o ponto onde ficam os poços denominados de Rio Grande Submarina 5. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) definiu em fevereiro, a partir de um pedido da estatal, que a perfuração deve ser feita até um ano após a emissão da licença. A empresa pode solicitar novo adiamento.
A atividade no bloco BM-P-02 prevê a perfuração de dois poços exploratórios. A Bacia de Pelotas tem 210 mil quilômetros quadrados de área e se estende do Sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai. O direito de exploração pela estatal foi conquistado em licitação em 2004.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)
PUBLICIDADE