O resultado no quarto trimestre, um lucro de R$ 6,28 bilhões, 19% menor que o do mesmo período do ano anterior mas impulsionado por créditos tributários e a venda de ativos, uma receita não recorrente. Em 2013 como um todo, a estatal de petróleo teve lucro de R$ 23,57 bilhões, alta de 11% sobre o ano anterior. A receita cresceu 8%, para R$ 304,89 bilhões, enquanto o Ebitda ficou em R$ 62,97 bilhões, com incremento de 18% na comparação anual. Em 2013, o lucro chegou a R$ 23,57 bilhões, 11% superior ao registrado um ano antes.
No último trimestre, a receita subiu 10,4%, para R$ 81 bilhões. Já o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) ficou em R$ 15,53 bilhões, alta de 30,2% na comparação anual. Os ganhos no período vieram 36% acima do esperado. A média de cinco casas de análise ouvidas pelo Valor apontava para lucro de R$ 4,62 bilhões. O resultado operacional, medido pelo Ebitda, ficou praticamente em linha: as previsões apontavam para R$ 15,24 bilhões.
Apesar dos preços dos combustíveis ainda estarem defasados em relação à cotação internacional, os resultados operacionais foram beneficiados pelos reajustes praticados ao longo do ano passado. Duas rodadas de aumentos de preços da gasolina em janeiro e novembro elevaram os preços em 10,9% nas refinarias em 2013. Já o diesel teve três reajustes que elevaram o preço em 19,5%.
A dívida líquida da Petrobras aumentou em R$ 73,75 bilhões ao longo de 2013, alcançando a marca de R$ 221,56 bilhões em dezembro. A cifra equivale a 3,52 vezes o lucro antes de juros impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia no ano passado, que se compara com uma razão de 2,78 vezes no fim de 2012. Ao fim do terceiro trimestre, a dívida líquida estava em R$ 192,98 bilhões, equivalente a 3,25 vezes o Ebitda. Em 2012, a dívida líquida da companhia havia aumentado em R$ 44,79 bilhões, depois de subir outros R$ 40,95 bilhões em 2011. Esse comportamento se repete porque o programa de investimentos da Petrobras supera em muito sua geração de caixa anual.
Em 2013, os investimentos da companhia somaram R$ 104,42 bilhões, ante um fluxo operacional de caixa de R$ 56 bilhões. A dívida bruta da Petrobras atingiu R$ 267,82 bilhões em dezembro, contra R$ 196,31 bilhões em 2012.
O resultado do último trimestre teve ajuda de R$ 2,1 bilhões na linha de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), contra pagamento de R$ 962 milhões no mesmo período de 2013. Esse crédito explica parte da diferença entre o lucro apresentado e o estimado pelo mercado no trimestre.
A Petrobras teve ganhos de R$ 6,28 bilhões no período, enquanto a média das previsões de cinco casas de análise apontava para R$ 4,62 bilhões. O Ebitda ficou em R$ 15,53 bilhões, alta de 30,2% em relação ao quarto trimestre de 2013 e em linha com o esperado. O desempenho operacional foi beneficiado pelo crescimento de 10,4% nas receitas, para R$ 81 bilhões. Mas o reajuste de 11% na gasolina e de 19,5% para o diesel não foram suficiente para recuperar as margens. O custo subiu em maior proporção, 18,9%, levando a uma queda de 1,6 ponto percentual na margem bruta, para 21%. Nesse cenário, o impulso veio da venda de ativos.
A contabilidade de hedge também deu força aos resultados. O mecanismo, que permite que a companhia suavize os impactos da variação cambial sobre a dívida em dólares, evitou perdas financeiras de R$ 4,52 bilhões.
A venda da participação no projeto offshore Parque das Conchas (BC-10) gerou ganhos de R$ 1,06 bilhão. O ativo tinha sido vendido por US$ 1,64 bilhão - a diferença entre os valores se refere ao valor do ativo registrado no balanço.
O novo plano de negócios divulgado ontem traz um programa de investimentos de US$ 220,6 bilhões no período 2014-2018. Houve redução de 6,8% (equivalente a US$ 7 bilhões) em relação ao previsto no ano passado, quando projetava investir US$ 236,7 bilhões nos cinco anos até 2017. Quando consideradas apenas as carteiras de projetos em implantação e as que estão em processo de licitação, o valor do investimento da Petrobras ficou estável em US$ 206,8 bilhões, quando no plano anterior somavam US$ 207,1 bilhões.
As refinarias Premium I e Premium II, no Maranhão e Ceará, foram incluídas e terão seus equipamentos licitados este ano. Outros US$ 13,8 bilhões foram reunidos como projetos em avaliação. O plano de prevê investimentos de US$ 153,9 bilhões para a área de exploração e produção, que terá 70% do total. Já o investimentos da área de abastecimento caiu de US$ 64,8 bilhões pra US$ 38,7 bilhões entre um plano e outro, agora equivalentes a 18% dos investimentos.
Apesar das preocupações do mercado com relação ao endividamento, a Petrobras reafirmou que as bases para o financiamento do plano de negócios são a manutenção do grau de investimento, a não emissão de novas ações, a convergência de preços dos combustíveis com as referências internacionais e parcerias e as reestruturações nos modelos de negócio. Com relação à manutenção do grau de investimento, a companhia prevê o retorno dos indicadores de endividamento e alavancagem aos limites definidos pela empresa em até 24 meses. Os limites são de alavancagem menor que 35% e dívida líquida/Ebitda de 2,5 vezes.
Como parâmetros para financiar o plano, a estatal considera como premissas barril do petróleo tipo Brent de US$ 105 em 2014, diminuindo para US$ 100 até 2017 e estável em US$ 95 no longo prazo. A taxa de câmbio média é de R$ 2,23/US$ em 2014, valorizando para R$ 1,92/US$ no longo prazo", afirmou a Petrobras, em fato relevante.
A empresa informou que os recursos necessários para o financiamento dos projetos em implantação e em licitação virão da geração operacional de caixa e desinvestimentos (US$ 182,2 bilhões), uso de caixa excedente (US$ 9,1 bilhões), reestruturações nos modelos de negócio (US$ 9,9 bilhões) e captações (US$ 60,5 bilhões bruta e US$ 5,6 bilhões líquida).
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner, Fernando Torres, Natália Viri, Marta Nogueira, Rodrigo Polito e Rafael Rosas | Do Rio e São Paulo
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