Independentemente da adesão dos acionistas minoritários à capitalização da Lupatech, a empresa que emergirá após a conclusão da operação terá Petros e BNDESPar como seus maiores acionistas. Hoje, 25% das ações da Lupatech são detidas pela holding Lupapar, seguida por Petros, com 15%, e BNDESPar, com 11,5%. Os 48,5% restantes circulam no mercado.
Pelo acordo anunciado no fim de semana, uma injeção de recursos de R$ 300 milhões será garantida, em conjunto, por BNDESPar e Petros. Outros R$ 50 milhões em dinheiro serão aportados pela GP Investimentos, que, em uma segunda etapa, receberá mais R$ 50 milhões em ações da Lupatech como pagamento pela incorporação de sua controlada San Antonio Brasil (SABR). A integralização de outros R$ 350 milhões dependerá dos pequenos acionistas.
Se os minoritários não exercerem seu direito de preferência, BNDESPar e Petros terão a maioria absoluta das ações: 59,3%. Caso o aumento de capital chegue aos R$ 700 milhões, a participação conjunta das duas instituições seria de 37,2%. Em uma hipótese intermediária, em que os minoritários subscrevam metade das ações disponíveis, ou seja, R$ 175 milhões, BNDESPar e Petros ficariam com 45,8% da Lupatech (ver gráfico ao lado).
É provável que o aumento de capital se aproxime mais do teto do que do piso anunciado, já que o preço de subscrição, de R$ 4 por ação, deve atrair investidores interessados em realizar ganhos de curto prazo. Ontem, os papéis da Lupatech subiram 11,2%, para R$ 5,07. "Muita gente vai entrar na operação e realizar esse ganho no dia seguinte", pontuou um analista que preferiu não se identificar.
O perfil da empresa em que BNDESPar e Petros estão embarcando, no entanto, ainda é uma incógnita. Em teleconferência com analistas realizada ontem, o presidente da Lupatech, Alexandre Monteiro, não deu muitas pistas em relação à capacidade da companhia após a incorporação da SABR.
O executivo afirmou que o contrato firmado com a GP, controladora da SABR, prevê que a compra da companhia possa ser desfeita, a depender do seu desempenho. A SABR foi avaliada em R$ 150 milhões, sendo R$ 100 milhões em dívida. O saldo de R$ 50 milhões será pago à controladora GP Investimentos em forma de ações da Lupatech, ao preço de R$ 4 cada uma. A empresa poderá recomprar essa participação, a R$ 0,01 por ação, caso o desempenho da SABR decepcione. Questionado por analistas, Monteiro foi lacônico: "Quando a incorporação for aprovada por assembleia, poderemos dar mais informações sobre a nova empresa".
A expectativa da empresa é que a capitalização seja concluída em até 60 dias. Mas o processo de incorporação da SABR deve levar seis meses para sair do papel, por conta de uma reorganização societária que envolve a holding San Antonio International (SAI).
Considerando que a nova empresa deve ser constituída apenas no segundo semestre, é bastante provável que o faturamento da Lupatech leve um tombo neste ano. A carteira de pedidos da empresa soma R$ 935 milhões, dos quais apenas R$ 278 milhões devem ser convertidos em receitas em 2012 - em 2011, a receita líquida da companhia foi de R$ 578 milhões. Segundo Monteiro, com a incorporação da SABR, a carteira de pedidos total da nova empresa deve "superar os R$ 2 bilhões". O executivo, no entanto, não informou o prazo de faturamento dessas encomendas.
Em dificuldades desde 2008, a Lupatech fechou 2011 com patrimônio líquido negativo de R$ 43 milhões. No fim do ano, a empresa tinha R$ 24 milhões em caixa, frente a passivos de curto prazo que somavam R$ 380 milhões.
Fonte:Valor Econômico/Por Natalia Viri | De São Paulo
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