A OGX já comercializou a primeira carga de petróleo de Tubarão Martelo e arrecadou US$ 30 milhões. É menos do que obteve nas vendas do óleo produzido anteriormente, mas a empresa tem pressa e precisa ganhar fôlego e fazer caixa. Assim pode investir no aumento da produção nesse campo, onde está previsto um terceiro poço no segundo trimestre.
A empresa respondeu em nota que "já tem o fluxo normal da venda do petróleo conforme originalmente previsto". Em 2012 e 2013 comercializou o óleo produzido no campo Tubarão Azul em seis carregamentos. Teve receita de R$ 754 milhões mas os custos elevados de operação, incluindo leasing da plataforma OSX -1, resultaram em uma geração de caixa medida pela Ebtida (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 286 milhões.
A petroleira está em recuperação judicial com dívidas de R$ 11,4 bilhões e precisa equacionar débitos de curto prazo principalmente com fornecedores. Recentemente, informou que produziu 333,1 mil barris de óleo equivalente (boe) em dezembro, sem discriminar quanto desse volume se refere à produção exclusiva de gás e de petróleo. Ao divulgar a produção em barris de óleo equivalente - resultado da conversão do gás para barris de óleo usada para equiparar os dois energéticos - perdeu a oportunidade de chamar a atenção do mercado para uma boa notícia.
O campo Tubarão Martelo está produzindo pouco gás, o que é visto como bom. Se a quantidade fosse muito alta seria um problema para escoar e a regulamentação brasileira restringe a queima na atmosfera. Respondendo a um questionamento do Valor, a OGX informou que a produção média de gás nos dois poços foi de 2% do total.
Isso significa que, da média de 10.745 barris de óleo equivalente por dia produzidos em dezembro, apenas 215 boe/dia eram de gás. Implica também uma produção média exclusiva de petróleo de 10.530 barris por dia. Em outras palavras, os dois poços de Tubarão Martelo estão produzindo cerca de 5.265 barris de petróleo diariamente. Trata-se de uma boa média para a Bacia de Campos e também para a OGX, que assistiu ao declínio rápido da produção de Tubarão Azul depois que percebeu que os reservatórios eram compartimentados o que dificulta que o óleo suba para a superfície.
Segundo uma fonte ouvida pelo Valor, o volume de gás extraído na bacia de Campos ainda é pequeno para ser utilizado como combustível das turbinas e está sendo queimando. E mesmo no futuro o gás extraído de Tubarão Martelo não deverá ser comercializado, devendo ser utilizado apenas como combustível dos equipamentos da plataforma.
Observando-se esse volume de produção, é difícil não imaginar como a trajetória da companhia teria sido diferente se as outras áreas descobertas tivessem a produtividade que Tubarão Martelo está apresentando até o momento. O reservatório ali é formado por calcarenito com boa porosidade e permeabilidade.
Fontes ouvidas pelo Valor explicam que desde o inicio se sabia que a produtividade ali seria elevada. Contudo, a forma ideal de produzir seria por meio de uma WHP, plataforma fixa própria para águas rasas conectada a um navio aliviador (para armazenar o petróleo). Essa solução seria mais barata que uma plataforma flutuante de armazenamento e transferência (FPSO) como a que foi instalada no local, a OSX-3.
"Com certeza estão fazendo o possível e não o ideal", afirma um especialista em exploração. Tubarão Martelo foi descoberto quando a OGX já estava investindo para acelerar o desenvolvimento da produção em Tubarão Azul, um reservatório que desde aquela época se sabia ser inferior, mas que tinha sido descoberto antes.
Já Tubarão Martelo teve o interesse da malaia Petronas, que aceitou pagar US$ 850 milhões por 40% pelo ativo depois de seis meses de análises. Mas desistiu quando a recuperação judicial da OGX já parecia inevitável.
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio
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