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Opep fixa limite para produção, mas meta só será efetivada em novembro

Zanganeh, ministro do petróleo do Irã: "Embora alguns membros da Opep tenham de reduzir a produção, o Irã não precisará congelar o volume extraído"
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aprovou um acordo preliminar que vai reduzir a produção pela primeira vez em oito anos. O acordo, no entanto, só será efetivado no próximo encontro do grupo, marcado para o fim de novembro.

Os preços do petróleo subiram mais de 6% durante o dia, depois que a Arábia Saudita e o Irã surpreenderam os operadores, que previam a continuidade da política adotada pelo grupo em 2014, pela qual cada membro definia o volume de petróleo a ser extraído. No fim do dia, o Brent para entrega em novembro fechou cotado a US$ 48,69, com alta de 5,9%. O WTI para o mesmo mês subiu 5,32%, para US$ 47,05.


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O grupo concordou em baixar a produção para uma faixa de 32,5 milhões a 33 milhões de barris/dia (b/d), disse o ministro do petróleo do Irã, Bijan Namdar Zanganeh, após a reunião em Argel. "Embora alguns membros da Opep tenham de reduzir a produção, o Irã não precisará congelar o volume extraído." O limite mínimo da meta equivale a queda de quase 750 mil b/d sobre o volume que a Opep diz ter extraído em agosto.

"Temos um bom acordo", disse Mohammad Barkindo, secretário-geral da Opep, com os polegares para cima. O acordo foi visto positivamente pelo mercado de ações. O índice de energia do S&P 500 teve alta de 4,5%, com a ConocoPhillips em alta de 7%, a ExxonMobil com ganho de 4,4% e a Chevron com alta de 3,2%.

Mohammed bin Saleh al-Sada, ministro de energia do Qatar e presidente da Opep, disse depois da reunião que uma ação coordenada era necessária, já que o excesso de produção estava levando mais tempo que o esperado para ser reduzido, mantendo o mercado petrolífero sob pressão. "O reequilíbrio ia acontecer de qualquer maneira, mas precisamos acelerar o processo, disse ele, segundo o Financial Times.

As repercussões do acordo vão extrapolar os limites da Opep. O pacto vai melhorar as perspectivas do setor energético, desde gigantes como a Exxon Mobil até pequenas empresas americanas de petróleo de xisto, e vai impulsionar as economias de países ricos em petróleo como a Rússia e a Arábia Saudita. Para os consumidores, no entanto, implicará em elevação dos preços nos postos de gasolina.

"A redução é, sem dúvida, animadora [para o mercado]", disse Mike Wittner, diretor de pesquisa de mercado petrolífero da Société Générale de Nova York. "Muito mais importante é que os sauditas parecem estar voltando a um período de gestão do mercado."

"Qualquer tipo de corte é uma grande notícia, porque fornece um pouco de piso para os preços do barril em torno de US$ 44", afirmou Robert Pavlik, estrategista chefe da Boston Private Wealth.

Apesar do anúncio, analista ainda permanecem céticos de que o grupo consiga implementar um corte de produção em meio à competição entre os integrantes da Opep e com outros países de fora do cartel por participação de mercado. "Estou meio cético. Há tantos buracos nessa história", afirmou Bob Yawger, diretor da divisão de futuros da Mizuho Securities USA. "Minha reação é: só vou acreditar quando ver."

O acordo marca uma nova fase nas relações entre a Arábia Saudita e o Irã, que estão em conflito em torno da política para o petróleo desde 2014 e apoiam lados opostos nas guerras civis da Síria e do Iêmen. O pacto indica que Riad e Teerã, com a mediação da Rússia, Argélia e Catar, superaram as diferenças que levaram ao fracasso uma outra proposta de limitar a produção, alguns meses atrás.

Os riscos para a Opep, responsável pela extração de 40% do petróleo mundial, estão elevados, uma vez que a Agência Internacional de Energia (AIE) advertiu para a fragilidade do mercado de petróleo no ano que vem. Ian Taylor, o diretor da Vitol Group, a maior trading mundial de petróleo, disse que o mercado de petróleo bruto poderá continuar superabastecido até 2018, se os países produtores não deixarem de inundar o mercado.

No momento em que a Opep concorda em restringir a produção, a Rússia quebrou recorde de oferta de petróleo da era pós-soviética, ao extrair 11,1 milhões de b/d em setembro, 400 mil b/d a mais do que em agosto, segundo estimativas preliminares. A Rússia participou das negociações de Argel, mas não faz parte do acordo da Opep. Após namoro de dois anos com os mercados livres de petróleo, o acordo de Argel marca a "volta à gestão da oferta", disse Yasser Elguindi, diretor da consultoria Medley Global Advisors, que está em Argel acompanhando a reunião. "Este é o caso em que um volume menor da Arábia Saudita acarretará alta da receita, se os preços subirem." (Com agências internacionais)

Fonte: Valor






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