RIO - O gerente-geral da área de serviços logísticos de E&P da Petrobras, Ronaldo Dias, disse nesta terça-feira que ainda é cedo para comentar as medidas do governo para reduzir o Imposto de Renda sobre o lucro de empresas brasileiras no exterior. A medida, anunciada nesta segunda-feira pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, reduz o IR para multinacionais brasileiras de 34% para 25%.
“Não posso falar pelo setor, mas na minha área ainda não houve nenhum reflexo, nem positivo nem negativo”, afirmou Dias. Ele, ponderou, no entanto, que a desoneração de impostos é sempre algo positivo.
O executivo admitiu, no entanto, que não era uma demanda do setor. “A questão da desoneração nunca apareceu em nenhum evento que eu tenha estado como uma solicitação da indústria de apoio marítimo. As outras solicitações, sobre tripulação, a mudança na regulação para que uma empresa que tenha sedes em municípios diferentes não tenha que pagar ISS, eram demanda”, continuou. O que não quer dizer, segundo ele, que a medida não seja bem-vinda.
Em evento sobre o crescimento das atividades de óleo e gás no Brasil e os desafios da regulação do apoio marítimo e offshore, na FGV, no Rio, Dias admitiu que há desafios à competitividade do mercado de apoio marítimo offshore .
“Os custos da indústria do petróleo tem subido muito nos últimos anos. Como a produtividade destas novas áreas do pré-sal é muito alta, a ainda não conseguimos obter economia significativa no trabalho de desenvolver os projetos, mas os custos em volta são muito altos e o ritmo de implantação dos projetos acaba caindo muito”, observou Dias.
Ainda assim, ele está confiante no desenvolvimento dos projetos e afirmou que as dificuldades na legislação para o apoio marítimo estão começando a diminuir. Em sua percepção, já existe por parte da Marinha a consciência de que precisa trabalhar mais em conjunto com as operadoras, para melhorar o treinamento de pessoal.
Dias citou ainda que muitos estrangeiros estão interessados em aportes em investimentos em infraestrutura. “Mas teremos que competir com outras áreas do mundo que estão fortes.”
Quando perguntado se o Brasil corre risco de perder atratividade internacional para outros países, Dias afirmou que muitos não têm o potencial país. “Não têm um portfólio como o nosso”, afirmou.
Questionado se a exigência de conteúdo local era uma limitação, o gerente da Petrobras desconversou. “É difícil dizer. Não temos como discutir conteúdo local porque ele não é uma decisão da companhia, mas do órgão concessionário. Fica mais fácil contratar com mais liberdade, mas temos conseguido fazer com conteúdo local”, afirmou.
O executivo disse que conteúdo local não é uma exigência única do Brasil. E acrescentou que os entraves existentes não são suficientes para atrasar a produção. “Não é critico a ponto de atrasar, só torna o trabalho menos eficiente.”
Fonte:Valor Econômico\Elisa Soares
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