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Petrobras deve anunciar novo plano hoje

A Petrobras deve anunciar hoje seu novo plano estratégico, depois de uma semana de intensos esforços para cortar ou adiar investimentos que já estão em andamento ou programados.

Ontem, na reunião semanal da diretoria executiva, os diretores deram os últimos retoques no plano de investimentos do período 2011-2015. Um plano mais enxuto, com adiamento de investimentos em refino, abastecimento, gás e energia e na área internacional deve ser apresentado hoje ao conselho de administração, que é presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em uma conferência telefônica.

A discussão sobre uma redução da ordem de US$ 30 bilhões a US$ 36 bilhões nos investimentos da companhia ocupou os analistas ao longo da semana. Mesmo a entrevista do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, dizendo que o ministro Mantega tinha pedido uma meta "mais realista" para garantir o retorno dos projetos, não solucionou o mistério que intriga consultores e analistas.

"Acho que a pressão por eficiência é sempre bem-vinda. Por que eles não instruíram a Petrobras a fazer isto antes?", questiona um observador de Nova York.

Ontem, a expectativa era de que a Petrobras anunciasse um plano de investimentos robusto recebendo em troca a permissão para elevar preços da gasolina e do diesel, ou um plano menor, sem reajustes à vista.

A receita é simples: ou o governo dá liberdade para a companhia reforçar o caixa e investir, ou controla os preços para reforçar a política econômica. E o cobertor, como se sabe, é curto.

Se aprovado, o novo plano será divulgado esta noite. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, começa a próxima semana em Paris, em uma reunião no Instituto Francês de Petróleo, que já estava agendada.

A Petrobras tem um programa vigoroso de investimentos que está atraindo a atenção da indústria de equipamentos em todo o mundo. Não faltam bancos interessados em financiar não apenas a estatal como também os seus fornecedores, assim como os investimentos para que eles instalem fábricas no Brasil transferindo tecnologia para o mercado nacional.

Mas o caminho está cheio de percalços. Uma fonte de constante dor de cabeça está sendo a contratação de sondas de perfuração e outras embarcações de grande porte no mercado local. A Petrobras tem a missão de ressuscitar a indústria naval brasileira e de ser a condutora informal de uma nova política industrial para o país na área de petróleo e gás.

Há cerca de três anos, a empresa colocou no mercado licitações para encomendar 28 sondas de perfuração em águas profundas para a exploração do pré-sal em grande escala. Só conseguiu contratar sete sondas, que serão construídas no Estaleiro Atlântico Sul. Mesmo assim depois de um grande esforço que resultou na constituição da Sete Brasil, uma empresa idealizada na área financeira da Petrobras, e da qual ela tem participação minoritária junto com fundos de pensão e grandes bancos privados e estatais. Com esse desenho, a companhia se livra da obrigação de consolidar em seu balanço os pesados investimentos em sondas e em plataformas.

Ainda faltam 21 sondas que custariam mais barato se fossem feitas no exterior.

A diretoria nega que exista um conflito interno entre encomendar essas embarcações no país ou lá fora. A Petrobras planeja fechar 2017 produzindo 1 milhão de barris/dia no pré-sal, o que representa metade da atual produção. Mas no programa de investimentos, o mais criticado vem sendo o das refinarias.

A avaliação do mercado, quase uma unanimidade, é que a Petrobras deveria focar seus esforços e recursos primeiro na produção de petróleo e gás para, só depois, se voltar para o refino. A maior torcida é para o adiamento das refinarias "premium" do Maranhão e Ceará. O problema político por trás dessa questão é o aumento do consumo interno de combustíveis. Ele mostra que já não é possível evitar rombos na balança de petróleo e gás se mais refinarias não forem construídas e se o país continuar crescendo.

Isso ficou claro quando a companhia continuou importando petróleo leve mesmo depois de ter alcançado a esperada meta da auto-suficiência, em 2006. E se agravou nos últimos anos.

Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio


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