Petrobras e Odebrecht fecham acordo sobre Quattor e Braskem
A Petrobras e o grupo Odebrecht chegaram a um acordo sobre a formação da gigante petroquímica que irá incorporar os ativos da Quattor (associação entre Unipar e Petrobras). A operação envolverá um vultoso aporte financeiro, entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. Chamada provisoriamente de Nova Braskem, a empresa será controlada pela Odebrecht, mas terá participação expressiva da Petrobras, que deve deter em torno de 49% do capital votante.
Petrobras e Braskem participarão do aporte financeiro; a Quattor será absorvida e não participará da gestão da nova empresa. A holding Unipar, da família Geyer, terá participação diluída na nova companhia. O anúncio é esperado para o início de janeiro.
A base do acordo está firmada, segundo fontes que acompanham as negociações, mas estão sendo discutidos alguns detalhes, principalmente os ligados à governança corporativa. Hoje, a Braskem é controlada pela Odebrecht (46%) e Norquisa (também do grupo Odebrecht, com 15,6%) em parceria com a Petrobras. A estatal, com 25,3% das ações ordinárias (ON, com direito a voto) tem três assentos no conselho de administração, formado por 11 membros. Um controle dividido de maneira mais equilibrada exigiria, também, um conselho mais equânime para a tomada de decisões estratégicas.
A composição da companhia está sendo desenhada de forma a retirar a marca estatizante do negócio, mas o fato é que a estatal Petrobras está decidida a criar uma empresa com porte suficientemente grande para competir internacionalmente.
EUA. Paralelamente à transação, a Braskem negocia a compra de duas empresas nos Estados Unidos. Uma delas, em fase mais avançada nas conversas, está na dependência apenas da aceitação do preço exigido. Em sua investida internacional, a Braskem também está compondo um consórcio que produzirá petroquímicos no México, dá continuidade a dois projetos na Venezuela e analisa investimentos na Bolívia e no Peru.
As negociações para a formalização do acordo entre Braskem e Petrobras poderiam ter ocorrido nas duas últimas semanas, mas houve discordâncias em torno de critérios com direito de veto a algumas questões e direito a indicação a membros do conselho e diretoria executiva.
Às vésperas do Natal, com o acordo iminente, o empresário Alberto Soares de Sampaio Geyer, sócio da Vila Velha Administração e Participações (controladora da Unipar), que tenta, isoladamente, interromper o processo, informou ter obtido liminar em processo no qual pede a paralisação das negociações entre os controladores das duas empresas. As divergências entre os membros da família Geyer são antigas mas não foram o fator preponderante para as dificuldades encontradas pela Quattor para permanecer no mercado. A empresa nasceu como a segunda do ranking, mas bastante atrás da líder Braskem.
crise. A crise global, deflagrada meses depois de sua criação, pegou a companhia no contrapé, profundamente prejudicada pela queda na demanda internacional por matérias-primas petroquímicas e com receita em dólar igualmente afetada pela valorização do real. Braskem, ao contrário, já era uma companhia consolidada, estruturada e em pleno processo de internacionalização.
O aporte de recursos que resultará da operação na qual a Braskem irá incorporar a Quattor será mais vultoso do que o envolvido nos últimos grandes negócios no setor: a compra da Ipiranga por Braskem, Petrobras e Ultra; a compra dos ativos petroquímicos do grupo Suzano pela Petrobras e sua posterior associação com a Unipar, para a formação da Quattor. Criada em 2008, a empresa, que é 60% Unipar e 40% Petrobras, reuniu ativos da Unipar e da Suzano em São Paulo e no Rio. Não tem capital aberto e sua dívida é hoje uma incógnita no mercado.
De acordo com o último balanço divulgado pela Braskem, em setembro de 2009, a dívida bruta da empresa era de US$ 5,536 bilhões, US$ 113 milhões superior a 30 de junho de 2009. A dívida líquida consolidada, porém, se manteve inalterada em relação ao trimestre anterior, em US$ 3,764 bilhões. Em reais houve redução de 9%, que refletiu a desvalorização do dólar.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/IRANY TEREZA E ANDRÉ MAGNABOSCO
DA AGÊNCIA ESTADO)