O Plano de Negócios da Petrobras para os próximos cinco anos foi apresentado nesta quarta-feira ao Conselho de Administração da companhia. A estatal planeja investir US$ 85 bilhões, o equivalente a R$ 326,4 bilhões, no período. Caso a proposta seja aprovada, será o maior volume de recursos aportados pela petroleira desde o plano apresentado para os anos de 2015 a 2019, que previa US$ 98,5 bilhões.
O foco dos investimentos da estatal continua a ser a exploração e produção de petróleo, principalmente no pré-sal, que tem campos de alta produtividade. A nova projeção da companhia representa uma aceleração em relação ao plano vigente para o período 2018-2022, que previa investimentos de US$ 74,5 bilhões. Desde 2015, após a revelação do esquema de corrupção da Lava-Jato, a Petrobras vinha reduzindo investimentos.
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Reforço no caixa
Segundo fontes, o futuro presidente da estatal, o economista Roberto Castello Branco, gostaria que o plano não fosse aprovado ainda, de modo a poder avaliar com mais profundidade as metas da companhia que serão executadas durante a sua gestão. A proposta, porém, já passou pelo comitê estratégico da empresa e precisa ser aprovada até o fim do ano, de acordo com normas da companhia.
Com a meta mais ambiciosa de investimentos, aumenta a necessidade de a Petrobras se desfazer de ativos para reduzir o endividamento e melhorar sua saúde financeira. Ontem, a estatal anunciou que vai arrecadar um total de US$ 823,1 milhões com a venda de suas participações em 34 campos terrestres no Nordeste e de três antigos campos marítimos no pós-sal da Bacia de Campos, na costa fluminense.
As duas operações fazem parte do plano de venda de ativos, que já havia rendido US$ 5 bilhões, como informou o presidente da estatal, Ivan Monteiro, no início do mês.
Os dois negócios anunciados na quarta-feira ajudarão a reforçar o caixa da empresa, mas contribuirão pouco para o cumprimento da meta de US$ 7,5 bilhões em vendas até o fim do ano. Do valor total, apenas US$ 108 milhões serão recebidos na assinatura dos contratos. Isso equivale a 7,5% da primeira transação de campos terrestres e 20% da dos campos marítimos. O restante será quitado no fechamento das operações, com ajustes.
A venda de ativos para reduzir o endividamento e focar no pré-sal será uma das tarefas que Monteiro deixará para Castello Branco, que vai sucedê-lo em janeiro. A previsão inicial do plano era ainda mais ambiciosa: vender US$ 21 bilhões em ativos entre 2017 e 2018. A meta foi revisada para US$ 7,5 bilhões com as dificuldades da empresa de se desfazer de alguns negócios.
Medidas judiciais impediram a venda de fatias em refinarias e a TAG, rede de gasodutos no Nordeste, estimada em cerca de US$ 8 bilhões. A venda da Liquigás, distribuidora de GLP (gás de botijão), para o Grupo Ultra foi suspensa pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
As participações em 34 campos maduros de produção terrestres localizados na Bacia Potiguar (RN), foram vendidas por US$ 453,1 milhões para a brasileira 3R Petroleum.
No outro negócio, a Petrobras vendeu para a anglo-francesa Perenco suas participações nos campos de Pargo, Carapeba e Vermelho, o chamado Polo Nordeste, em águas rasas na Bacia de Campos. A Petrobras receberá por eles, no total, US$ 370 milhões. Os três campos antigos marcaram o início da produção da estatal na área, há 40 anos. A produção deles é integrada, de cerca de 9 mil barris diários.
Fonte: O Globo