Numa era em que o boom petrolífero americano ganha força em Estados sem mar, como Dakota do Norte e Oklahoma, algumas empresas ainda estão investindo bilhões de dólares para descobrir petróleo nas águas mais profundas do Golfo do México.
Cerca de 600 operários de um estaleiro de Corpus Christi, no litoral do Texas, estão construindo estruturas de aço de três andares para uma estação marítima da Chevron Corp. a muitos quilômetros da costa, numa área que os geólogos consideram promissora, mas de onde até hoje quase não se extraiu petróleo.
O alvo da Chevron chama-se terciário inferior, a formação geológica que é para muitos a última fronteira do Golfo. O núcleo dela está milhares de metros abaixo do nível do mar, a centenas de quilômetros da costa.
Os campos de petróleo do terciário inferior ainda não foram totalmente decifrados pelos geólogos, mas a Chevron está investindo US$ 7,5 bilhões só para começar a explorar duas das suas primeiras descobertas na área, os campos de Jack e St. Malo. A companhia espera instalar lá uma plataforma com capacidade para produzir 177.000 barris de petróleo e gás natural por dia, capaz de gerar por décadas uma receita anual de bilhões de dólares.
A aposta da Chevron revela como as fronteiras de águas profundas continuam atraentes, apesar das enormes reservas em terra que o fraturamento hidráulico tornou acessíveis nos Estados Unidos. Tal interesse já fez a perfuração no Golfo chegar a níveis acima dos anteriores ao acidente da Deepwater Horizon, em 2010, que diminuiu temporariamente a atividade na região.
O retorno que as petrolíferas obtêm pelo dinheiro investido na exploração de águas profundas é tão grande que pode ser mais vantajoso que perfurar milhares de poços em terra e lidar com centenas de proprietários nas áreas exploradas, segundo especialistas. (Ao contrário do Brasil e outros países, nos EUA os direitos sobre o subsolo pertencem ao dono da terra.)
A produção no núcleo do terciário inferior só teve início ano passado, quando um navio da Petróleo Brasileiro SA, a Petrobras, começou a produzir nos campos de Cascade e Chinook, um projeto que vem sendo observado atentamente pelo setor.
Para minimizar os riscos e contornar a falta de oleodutos no local, a Petrobras optou por um navio-plataforma flutuante de produção, que pode ser deslocado se o experimento não der certo. Mas a Chevron está confiante o suficiente para construir uma plataforma permanente.
Steve Thurston, diretor de projetos de exploração de águas profundas da Chevron, diz que o terciário inferior pode vir a representar quase metade da produção no Golfo do México até o fim da próxima década.
Fonte: Valor Econômico/Ben Lefebvre | The Wall Street Journal, de Corpus Christi, Texas/Colaborou Ángel González.
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