A BP PLC está em negociações para vender sua fatia em projetos petrolíferos na Venezuela a sua joint venture russa TNK-BP Ltd., parte de um programa para se desfazer de US$ 30 bilhões em ativos e dessa maneira fazer frente aos custos do vazamento de petróleo no Golfo do México.
Num comunicado, a TNK-BP informou que apoia a intenção da BP de "realinhar estrategicamente sua base de ativos na Venezuela e está ativamente avaliando a oportunidade de participar nos ativos". Ela informou que vê a transação como uma oportunidade de expandir-se internacionalmente e aumentar sua presença na Venezuela, onde já tem uma série de investimentos.
A petrolífera britânica informou esta semana que planeja captar entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões nos próximos 18 meses com a venda de ativos, depois de registrar um prejuízo recorde de US$ 17 bilhões no segundo trimestre relacionado aos custos para conter e limpar o derramamento de petróleo no Golfo do México.
Na semana passada a empresa vendeu ativos nos Estados Unidos, Canadá e Egito à americana Apache Corp. por US$ 7 bilhões. Também anunciou planos de vender seus investimentos no Paquistão e no Vietnã.
A BP tem participações minoritárias em duas joint ventures com a estatal venezuelana PDVSA, a Petroperija e a Boquerón, além de ser sócia da Petromonagas, que produz 110.000 barris por dia. Os ativos são estimados em até US$ 1 bilhão no total.
O apetite das grandes petrolíferas multinacionais pela Venezuela diminuiu bastante nos últimos anos por causa da pressão que o presidente Hugo Chávez exerce sobre os investidores estrangeiros. A pressão chegou ao ápice em 2007, quando a Venezuela nacionalizou vários projetos petrolíferos operados por sócios internacionais. Algumas petrolíferas multinacionais, como a BP, concordaram em ceder uma participação de controle à PDVSA, enquanto outras, como as americanas Exxon Mobil Corp. e ConocoPhillips, recusaram-se e deixaram o país.
A TNK-BP, uma joint venture dividida igualmente entre a BP e a AAR, que é controlada por quatro bilionários russos, já tem uma presença na Venezuela. Em 2008 ela assinou um acordo com a PDVSA para estudarem conjuntamente um bloco de petróleo pesado na Faixa do Orinoco, que o governo venezuelano afirma ter as maiores reservas de hidrocarboneto do mundo. A TNK-BP também é parte de um consórcio de cinco empresas russas que está se associando à PDVSA para desenvolver o campo Junin 6, que também fica na Faixa do Orinoco.
Uma pessoa familiarizada com a TNK-BP disse que a empresa está particularmente interessada em adquirir ativos da BP que estejam em países com os quais a Rússia desfruta de boas relações diplomáticas e onde já tenha investimentos. A Venezuela estava nas duas categorias, disse.
Fonte: Valor Econômico/Guy Chazan, The Wall Street Journal
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